Estratégia de imprensa é utilizada para “apresentar” o acordo global de Brumadinho; Vale será a maior beneficiada e seguirá impune de mais um crime
Publicado 02/02/2021 - Atualizado 03/02/2021
Na tarde desta segunda-feira, uma matéria veiculada do Jornal O Tempo especulou e deu como homologado o Acordo Global do crime de Brumadinho.
No entanto, não aconteceu nenhuma audiência judicial que homologasse o acordo bilionário e, em nota, o governo de Minas Gerais informou que não foram finalizadas as negociações do acordo feito a portas fechadas.
A matéria, que utiliza da narrativa de vitória do Governo de Minas Gerais com o acordo e traz informações precisas de uma fonte ligada ao próprio Estado e ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, anuncia até mesmo a destinação dos valores para obras e divisão por municípios.
Para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), caso seja firmado nos parâmetros divulgados na imprensa – R$ 37 bilhões, o acordo terá valores rebaixados.
A mineradora Vale será beneficiada pela negociação e economizará R$ 17 bilhões, em relação aos R$ 54 bilhões pedidos nas ações para reparação dos danos do crime socioambiental, que completou dois anos no dia 25 janeiro. Além de valorizar as ações da empresa para o mercado internacional.
O MAB discorda da forma com que as negociações do acordo global vêm sendo realizadas, sem a participação dos atingidos, principais vítimas e interessados em fazer um acordo justo, com a mineradora Vale impune de mais um crime.
Na análise do MAB, outro ponto de denúncia são as obras que o Governo de Minas Gerais vislumbra com o dinheiro, como o Rodoanel na Região Metropolitana de Belo Horizonte, como um preparo para campanha eleitoral de 2022.
Os atingidos pelo crime da Vale permanecerão em luta para garantia de direitos, inclusive pela pauta dos valores destinados aos municípios e para as obras das reais necessidades da população da bacia do rio Paraopeba, que sofre com as consequências do rejeito da barragem do complexo Mina do Córrego do Feijão.