Atingidos por barragens terão participação ativa na Cúpula da Amazônia

Entre os dias 4 e 9 de agosto, mais de 300 atingidos dos estados da região amazônica seguem rumo a Belém (PA), onde participarão de diversas atividades além da programação oficial da Cúpula

Foto: Igor Meirelles / MAB

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) está mobilizando atingidos e atingidas de sete estados da Amazônia para estarem em Belém (PA) no conjunto de atividades que precede a Cúpula da Amazônia, reunião oficial dos chefes de Estado da região integrantes da OTCA – Organização do Tratado de Cooperação Amazônica. 

As ações incluem debates sobre transição energética e mudanças climáticas, violações de direitos pelos grandes projetos de engenharia e desafios para a preservação da floresta com melhoria de vida de sua população. Além disso, o MAB organiza uma barqueata para denunciar os crimes da mineração “De Mariana (MG) à Amazônia” e articula uma agenda cultural com a mostra “Arpilleras Amazônicas”, que apresenta telas bordadas por mulheres atingidas.

As ações integram a programação dos “Diálogos Amazônicos” e da Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia, atividades que antecedem a Cúpula da Amazônia, da qual participarão os chefes de Estado da região. As atividades ocorrerão de 4 a 9 de agosto, em Belém. 

No domingo, 06, o MAB, junto com parceiros, realizam o Seminário Nacional “Desafios da Transição Energética Popular na Amazônia”, construído pela Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia (POCAE). A atividade busca construir pontos de unidade rumo a um Projeto Energético Popular para o Brasil e contará com a presença de lideranças de diferentes organizações que atuam na Amazônia.

Na segunda-feira,07, às 9h, acontece a barqueata  “De Mariana a Amazônia, somos todos atingidos”, com a participação de um grupo de atingidos pelo crime da Vale e BHP Billiton na Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais e Espírito Santo.

Outras atividades que o MAB participará são a Assembleia e Marcha dos Povos da Terra pela Amazônia (07, 08 e 09 de agosto) e a Plenária Panamazônica da Via Campesina – que acontece no próximo dia 07.

Larissa dos Santos Farias, atingida pela Hidrelétrica de Tucuruí, no município de Cametá-PA, é uma das integrantes do MAB que vai participar dessa jornada. “Eu irei articipar da Cúpula dos presidentes em agosto, porque é muito importante a presença de nós, atingidos, num evento que vai falar sobre a Amazônia, sobre o meio ambiente, a preservação, né? E também debater e marcar outras agendas para que possa haver mais diálogo e mais explicações sobre as mudanças climáticas, os impactos de grandes projetos como a Hidrovia Araguaia-Tocantins, que irá atingir diretamente o município”, alerta Larissa. 

A Cúpula da Amazônia

Foto: arquivo MAB

Nos dias 8 e 9 de agosto, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) realizará, em Belém, a Cúpula da Amazônia – IV Reunião de Presidentes dos Estados. O encontro reunirá os líderes dos países membros da organização (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela) para elaborar estratégias de cooperação e medidas de sustentabilidade e mitigação das mudanças climáticas.

A atividade está sendo considerada uma espécie de preparação para a COP-30, o evento mais importante do mundo sobre as mudanças climáticas, a ser realizada também em Belém, em 2025. 

No último 25 de julho, Lula falou sobre a relevância da Cúpula no canal oficial da presidência. “Nós vamos fazer um grande encontro, o primeiro  que vai reunir os oito chefes de estado da América do Sul que tem Floresta Amazônica, mais os dois Congos que tem grande floresta na África e mais o primeiro ministro da Indonésia, que é o país que tem mais floresta na região asiática. Então, nós vamos fazer esse encontro para começar a elaborar uma proposta para COP-28. Vai participar muita gente. Não é uma coisa só de governo, vai ter um encontro popular com mais de cinco mil pessoas.  Tem movimento popular, tem intelectuais, pesquisadores, ambientalistas, ou seja, é todo mundo dando palpite. Para que depois a gente construa uma coisa que seja sólida para apresentar ao mundo. Nós vamos cuidar do nosso planeta”, finalizou

Por isso, o MAB terá uma participação ativa nesse período. “Tendo em vista o papel que a Amazônia tem para regulação do clima no planeta e serviços ecológicos que ela oferece, a Cúpula ganha uma dimensão tão grande quanto as COPs. A expectativa é que a Cúpula da Amazônia resulte em compromissos concretos e ações efetivas para a preservação do bioma”, de acordo com Francisco Kelvim, da coordenação nacional do MAB. 

 
Quem é o MAB?

Foto: Jordana Ayres

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) é uma organização popular formada por pessoas que têm em comum o fato de seu modo de vida ter sido modificado pela construção, operação, ameaça ou rompimento de barragens e pelas demais estruturas predatórias ligadas ao modelo energético adotado no Brasil. 

Em seus mais de 30 anos de organização, o MAB se tornou um instrumento fundamental para a garantia de direitos, como reassentamentos, indenizações mais justas, apoio para produção e acesso a políticas públicas no campo, nas florestas e nas cidades, de norte a sul do país. Atualmente, o MAB está organizado em 20 estados do Brasil. Na Amazônia, o Movimento tem organização nos estados do Pará, Amapá, Amazonas, Rondônia, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins.

Onde encontrar o MAB nos eventos da Cúpula da Amazônia

04 / 07

Todo dia – Chegada dos atingidos e atingidas da Amazônia

9h – 11h Hangar Centro de Convenções

Exposições “Arpilleras Amazônicas” e “Projeto Veredas Sol e Lares”

14h – 16h UFPA – Auditório Setorial Básico 2 

Infraestrutura, Territórios e Direitos Socioambientais na Amazônia

05 / 07 

Plenária A

14h – 18h Hangar Centro de Convenções

Fórum de Seres e Saberes da Amazônia

17h – 20h 

Hangar Centro de Convenções

Plenária III – Como pensar a Amazônia para o futuro a partir da ciência, tecnologia, inovação e pesquisa acadêmica, transição energética, mineração e exploração de petróleo

06 / 07

Sala 07

08h – 10h Hangar Centro de Convenções

AMAZÔNIA LIVRE DE PETRÓLEO E GÁS – Conexão Povos e Territórios

09h – 12h Hangar Centro de Convenções

Plenária IV – Mudança do clima, agroecologia e as sociobioeconomias da Amazônia: manejo sustentável e os novos modelos de produção para o desenvolvimento regional

14h – 16h UFPA – Sala 308 Mirante do Rio

Mudanças Climáticas e os atingidos nas periferias

14h – 18h Hangar Centro de Convenções – Plenária B

Seminário “Desafios da Transição Energética Popular na Amazônia”

07/ 07

8h30 – 12h Aldeia Cabana

Plenária Panamazonica da Via Campesina Amazônia 

9h – 10h Praça Princesa Isabel ao Ver-O-Peso

Barqueata “De Mariana a Amazônia, somos todos atingidos”

17h às 20h – Aldeia Cabana

Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia 

20h – 22h Aldeia Cabana

Cultural Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia

08 / 07

Tarde – 8h – 10h Marcha dos Povos da Terra pela Amazônia 

Concentração: endereço

Marcha Povos da Terra pela Amazônia 

09/ 07

17h Aldeia Cabana

Coletiva de Imprensa Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia

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