Questão dos atingidos será incorporada aos debates multilaterais, garante Marina Silva

Marina Silva discursou no evento Diálogos Amazônicos, que antecede a Cúpula da Amazônia em Belém (PA)

Plenária sobre mudanças climáticas foi uma das mais aguardadas nos Diálogos Amazônicos. Foto: Gabrielle Sodré / MAB

“O MAB é um movimento muito importante aqui no nosso país quando se fala de justiça climática, de racismo ambiental e que deve ser incorporado nos nossos acordos multilaterais, bilaterais, daqui para frente”. Foi assim que a ministra do Meio Ambiente Marina Silva se referiu ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em sua fala na Plenária “Mudança do Clima, Agroecologia e as Sociobioeconomias da Amazônia: manejo sustentável e os novos modelos de produção para o desenvolvimento regional”.

A atividade aconteceu no último domingo, 06, como parte dos Diálogos Amazônicos, evento que antecede a reunião oficial da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), em Belém (PA). Além de Marina Silva, a plenária contou com a participação de autoridades internacionais, como as ministras do Meio Ambiente do Peru e da Colômbia e representações da sociedade civil. A abertura da fala foi feita por Elisa Estronioli, integrante da coordenação nacional do MAB e pelo Ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

“O Brasil pode dar o exemplo de como enfrentar as mudanças climáticas e mostrar um caminho ousado para o mundo até a COP 30. E nós vamos lutar para que essa seja uma contribuição histórica de nosso país para a humanidade: um outro desenvolvimento, com prioridade para uma transição ecológica integral com distribuição de riqueza e participação popular. E esse projeto precisa ser pensado desde a Amazônia, pelos povos da Amazônia”, afirmou Elisa.

Na visão do ministro do Desenvolvimento Regional do Brasil, Waldez Góes, o sucesso dos Diálogos Amazônicos é determinante para a realização da Cúpula da Amazônia, porque abre um agenda mundial de debates. “Tenho certeza que, nesses dois anos e a partir da COP-30, nós teremos uma intensidade maior de reflexão sobre as nossas potencialidades, nossos desafios e nossas alternativas”, concluiu o ministro.


Representando a sociedade civil, fizeram parte da plenária Ruth Chaparro (FUCAI Tríplice Fronteira), Germán Niño (Fospa Colômbia), Osver Carrasco (Fospa/MOCICC Peru) e Ima Guimarães (Repam Brasil). Todos eles apontaram a importância do protagonismo dos povos da Amazônia e a necessidade dos governos firmarem o compromisso de manter 80% da Amazônia protegida até 2025.

A importância da reunião da OTCA

Marina Silva alertou para a necessidade da realização da reunião das autoridades que compõem a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) devido à urgência dos eventos climáticos que vivemos.

“A OTCA, quando foi criada, era um movimento de estabilidade, um pensamento desenvolvimentista. 45 anos depois (passamos 14 anos sem reunião), o que mudou? A mudança do clima, das correntes marítimas e o aumento da temperatura mostram que não estamos estabilizados. Agora, é reconhecer que precisamos de novos paradigmas aliados aos saberes ancestrais”, alertou.

A ministra da Colômbia também destacou a importância da reunião dos presidentes da OTCA, “esta é a quarta vez que os presidentes vão se reunir. E é a primeira vez para debater questões climáticas. Nós reconhecemos que é um momento urgente e crítico para a humanidade.”

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