Plenária da Via Campesina defende um projeto popular para a Amazônia

Nos últimos dias, capital paraense sediou diversas discussões sobre o futuro da região na Assembleia dos Povos, que antecede a Cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA)

Durante o evento, movimentos sociais discutiram reivindicações comuns sobre um modelo de desenvolvimento para a Amazônia que inclua a população do território e promova o respeito aos seus direitos. Foto: Dionata Souza / MAB

Na manhã de ontem, 07, as atingidas e os atingidos organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participaram da “Plenária Pan Amazônica da Via Campesina Amazônia.” A atividade foi organizada pelos movimentos sociais que compõem a organização e estão em Belém (PA), na Assembleia dos Povos, que antecede a Cúpula da Amazônia. As lideranças compuseram a mesa de diálogo, ao lado de representantes quilombolas e indígenas, e compartilharam vivências e estratégias de luta pela defesa do território. Participaram da mesa do evento representantes do MAB, da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), do Movimento dos Sem Terra (MST), do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), do Movimento dos Pescadores e das Pescadoras Artesanais (MPP) e da Via Campesina/CLOC – Peru.

A plenária da Via Campesina foi iniciada com manifestações culturais, performances de dança, música e leitura de poesia na Aldeia Cabana.
Durante o evento, os participantes reafirmaram o compromisso com a construção de um projeto popular para o Brasil, com soberania energética e alimentar e um projeto antirracista, feminista e anti-lgbtfóbico. Além disso, se comprometeram coma luta pela garantia de moradia digna para os povos do campo e da cidade, além de saúde e educação pública e de qualidade.

Na visão de Océlio Muniz, coordenador do MAB que compôs a mesa do evento, o fato da Plenária da Via Campesina acontecer em Belém, antes da realização da Cúpula dos Povos, é muito importante, pois incentiva a unidade e a articulação dos movimentos sociais.

“Os movimentos do campo não podem ficar de fora do debate. Queremos contribuir com o diálogo sobre um novo projeto energético popular para o Brasil e ampliar a discussão sobre a transição energética popular no país, em especial na Amazônia”, afirmou.

A Via Campesina é uma articulação internacional que reúne organizações camponesas, agricultores familiares, trabalhadores rurais e indígenas de diversos países. Foi fundada em 1993, durante o Encontro Internacional de Agricultores e Agricultoras Familiares, realizado em Mons, na Bélgica. A organização tem como objetivo principal lutar pela soberania alimentar, ou seja, pelo direito dos povos de decidirem sobre suas próprias políticas agrícolas e alimentares, sem a interferência de grandes empresas. A Via defende a agricultura familiar e camponesa como forma de produção de alimentos saudáveis, sustentáveis e socialmente justos.

Para Diva, militante do MST, que também compôs a mesa da Plenária, momentos de diálogos como estes contribuem para unificar o campo e promovem avanços em certas temáticas, como o racismo. “É necessário que haja avanços na nossa compreensão sobre racismo, principalmente o ambiental. Não dá para falar sobre preservar a Amazônia, sem falar da população. Não dá para defender a floresta, sem defender seus povos”, alertou a militante do MST.

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