Marco dos dois anos do crime da Vale em Brumadinho tem atos simbólicos nas cidades da bacia do Paraopeba
Por conta da pandemia, ações foram realizadas com distanciamento social, em locais abertos e com os participantes de máscara
Publicado 26/01/2021 - Atualizado 11/03/2021
Impossibilitados de organizarem grandes manifestações, em respeito às medidas de distanciamento social para evitar a disseminação do coronavírus, os atingidos pelo rompimento da barragem em Brumadinho organizaram atos simbólicos nos municípios afetados com as consequências do crime da Vale na bacia do rio Paraopeba, nesta segunda-feira (25).
Em Betim, por volta das 7h30 da manhã, atingidos trancaram a rodovia MG 155, na altura do bairro de Citrolândia, com faixas denunciando o descontentamento com a falta de participação no acordo judicial tratado à portas fechadas entre governo de Minas Gerais e a empresa.
Também em Betim, ocorreu uma mística com uma série de depoimentos no Cine Glória para lembrar das vidas perdidas na tragédia anunciada. Ao meio dia, foi realizado um ato na balsa que liga o município à São Joaquim de Bicas e uma faixa foi estendida no rio Paraopeba.
“Estamos sofrendo muito, ontem mesmo foi um dia que a Vale não forneceu água potável, passamos necessidade”, afirma Rosa, moradora de São Joaquim de Bicas.
Como forma de lembrar das 11 vítimas ainda não encontradas, os atingidos promoveram uma homenagem singela ao jogar 11 rosas no rio Paraopeba. O ato ocorreu em Brumadinho, e foi repetido também em Betim, São Joaquim de Bicas, Mário Campos e Juatuba.
As 10 horas da manhã, na ponte sobre o rio Paraopeba que corta a cidade de Brumadinho, após jogarem as 11 rosas no rio, os atingidos seguiram para o letreiro da cidade, que fica na entrada de Brumadinho, e é o local onde as famílias das vítimas se reúnem desde o dia do rompimento, há dois anos.
Por lá, as famílias soltaram balões e fizeram uma chamada com os 272 nomes, seguidos pelo doloroso grito de “ausente”. Em Brumadinho, e nas demais cidades da região, foram realizadas missas.
Em São Joaquim de Bicas, atingidos estenderam uma faixa em um viaduto da Fernão Dias (BR-381) com a seguinte mensagem: “povo morre de sede sem água e sem emergencial, Vale lucra impune”. Outro ponto de protesto foi a BR 262, que ficou bloqueada por cerca de 30 minutos. Em um campo de futebol no bairro Francelinos, um ato simbólico lembrou a dor das famílias com rosas e balões.
Outros atos ocorreram em Congonhas, Mário Campos e em frente à sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) em Belo Horizonte.
“São dois anos, nós perdemos nossa fauna, nossa flora, os trabalhadores estão sem emprego, é a fome, é a degradação, é o descaso, queremos justiça, queremos a prisão dos responsáveis pela morte de 272 pessoas”, reivindica a atingida Joelísia Feitosa, em protesto em Juatuba.
Na parte da noite, foram realizadas projeções com mensagens de denúncia do crime no prédio do Museu Nacional, no Distrito Federal, e na sede da Vale no centro do Rio de Janeiro.