Editorial | Movimento dos Atingidos por Barragens: 30 anos de luta e resistência

No próximo ano, o movimento completa 30 anos de fundação enquanto organização nacional

Foto: Isis Medeiros

Este ano de 2020 foi um ano diferente: estamos vivendo uma pandemia; a última situação semelhante ocorreu faz mais de 100 anos com a Gripe Espanhola, em 1918.

A pandemia do coronavírus agravou a crise econômica e exigiu de todos uma dose ainda maior de cuidados e sacrifícios.

Nós ainda não vencemos a pandemia, e nem as crises econômica, ambiental e social que penalizam ainda mais os trabalhadores e os mais pobres. Neste caso, sabemos que a situação ainda é pior para mulheres, negros, indígenas e população LGBT.

Tudo indica que 2021, quando comemoramos 30 anos de fundação oficial do MAB no Brasil, será um ano muito difícil.

As perspectivas econômicas mundiais são de baixo crescimento econômico. Mas, pior do que isso, é que vivemos no sistema capitalista que, mesmo quando a economia cresce ou retrai, a exploração sobre os trabalhadores continua com grande intensidade. Somente as lutas de grande porte do povo é que amenizam um pouco a situação e obrigam os capitalistas a concederem algo.

É ruim de dizer, mas a situação de exploração tende a aumentar ainda mais no próximo ano. Estão previstos aumentos nas tarifas de energia, água, privatização e tomada de territórios pelas empresas privadas, e no caso brasileiro, ainda há a previsão de que boa parte dos governos, em especial o governo federal, irão incentivar e proteger todas as formas de exploração contra o povo.

Os movimentos populares e as forças opositoras a este sistema estão em um período de resistência. E nos setores populares essa situação se agrava pela elevação da cultura individualista do chamado “empreendedorismo”, com crenças que acomodam o povo e não incentivam a luta, com falta de objetivos e estratégias transformadoras desta realidade.

No cenário internacional houve algumas vitórias. Com a luta intensa do povo, em especial dos negros, Trump foi derrotado nos Estados Unidos. Com uma luta histórica, os bolivianos elegeram um presidente e derrotaram o golpe que haviam sofrido. O povo chileno se rebelou e agora irão construir uma nova constituição para o país.

E ainda não sabemos ao certo como será este novo período em que a China tende a ser a maior potência econômica mundial.

Olhar horizontes mais longos, talvez, nos ajude a construir perspectivas mais ousadas, de longo prazo e com ações mais certeiras no curto prazo. Cada vez mais, é necessário fortalecer as lutas contra a exploração, com formação e educação de sujeitos que podem construir as mudanças com base na teoria revolucionária e organização consistente de força própria que enfrente decididamente este modo de produção e os capitalistas, que são os verdadeiros inimigos do povo.

Todos nós atingidos e atingidas estamos convidados a fazer parte desta luta transformadora.

Vida longa ao MAB!  Águas para a vida!

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