MAB alerta para acordo entre Vale e Ministério do Meio Ambiente

Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles fecha acordo com a Vale sobe multas do crime ambiental em Brumadinho; no mesmo dia, MPF pede afastamento de ministro por improbidade administrativa

Nesta segunda-feira (6), o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles firmou um acordo com a mineradora Vale, responsável pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em 2019. O acordo foi firmado em R$ 250 milhões de reais relativos a indenização pelo desastre socioambiental.   

Os recursos serão direcionados para investimentos em sete parques nacionais no estado de Minas Gerais e obras de saneamento. O Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB alerta para a postura do governo Bolsonaro de destruição do meio ambiente. O acordo representa a entrega dos parques à Vale vestidas de “investimento em estrutura”. A mineradora possui interesse de exploração de minério e utilização da água em seu entorno, como o Parque Nacional do Gandarella. 

O ministro Ricardo Salles cumpre a agenda da passagem da “boiada” em nossos bens naturais. Com o exemplo das destruições da Amazônia, essa decisão é a permissão para empresas privadas destruidoras da vida e do meio ambiente tenham livre acesso aos parques e ali coloquem mais uma vez em prática suas estratégias de exploração. 

Para o MAB, as multas pelo maior desastre socioambiental do país deveriam ser em severas punições a mineradora reincidente em crimes ambientais, como a perda dos licenciamentos de exploração de minério e a integral recuperação do meio ambiente, incluindo as bacias do rio Paraopeba e Doce, ambos contaminados pela lama de rejeitos de minério de ferro.

Romeu Zema

O MAB denuncia a postura do governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo), que desde o crime da Vale em Brumadinho, demonstra uma postura pró-Vale, cedendo a acordos e concessões de reparação via Governo, sem a participação dos atingidos.  

Pedido de afastamento

A assinatura do acordo aconteceu no mesmo dia que procuradores do Ministério Público Federal (MPF) pediram o afastamento do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, devido a improbidade administrativa que agiu à frente do cargo para desmontar os mecanismos de proteção ao meio ambiente. 

O MPF reuniu registros de atos, medidas, omissões e declarações do ministro que inviabilizaram a proteção ambiental e contribuíram para a alta do desmatamento e das queimadas, sobretudo na região amazônica.

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