Cartel envolvendo transnacionais e agentes públicos chegou ao setor de energia

Especial Atingidos por Barragens, Brasil de Fato Foto: Joka Madruga O esquema de corrupção e formação de cartel envolvendo transnacionais e funcionários públicos não ficou restrito aos transportes. As irregularidades […]

Especial Atingidos por Barragens, Brasil de Fato

Foto: Joka Madruga

O esquema de corrupção e formação de cartel envolvendo transnacionais e funcionários públicos não ficou restrito aos transportes. As irregularidades se estenderam também ao setor de energia, de acordo com denúncias feitas por um ex-executivo da Siemens. Em uma carta enviada de forma anônima ao ombudsman da companhia na Alemanha e a autoridades brasileiras em junho de 2008, o ex-funcionário revela uma rotina de atos ilícitos em concorrências públicas e pagamento de propinas a agentes públicos do país.

O documento faz referência aos projetos dos metrôs de São Paulo e Brasília, mas garante que as irregularidades vão além.

“Este tipo de prática não é privilégio da Divisão de Transporte. Ele também é comum na Transmissão e Distribuição de Energia, Geração de Energia e Divisões Médicas, que lidam com empresas de propriedade pública”.

A carta originou a investigação das fraudes no sistema de transportes, que começaram a ser relatadas pela Siemens em julho deste ano, após um acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

As suspeitas apontam para formação de cartel em licitações para aquisição de trens, manutenção e construção de linhas ferroviárias e de Metrô entre 1998 e 2007 em São Paulo e no Distrito Federal.

O esquema no estado paulista teria se iniciado em 2000, no governo de Mário Covas e continuado durante os governos de Geraldo Alckmin (2001-2006) e no primeiro ano do mandato de José Serra (2007) – todas gestões do PSDB. Além da Siemens teriam participado a Alstom, Bombardier, CAF, TTrans e Mitsui.

O autor da denúncia não forneceu nomes nem detalhes mais específicos sobre as fraudes no setor de energia.

No Brasil, a Siemens tem contratos com empresas de diversos governos. Junto com a Alstom e a Andritz, a companhia formou um consórcio para fornecer turbinas para a hidrelétrica de Belo Monte. Em São Paulo, o governo paulista contratou a transnacional em diversas ocasiões.

As irregularidades praticadas pelas empresas foram alvo de um protesto do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) nesta quarta-feira (4), que fez panfletagens para denunciar o caso.

“A energia produzida em nosso país tem que estar a serviço da população e da soberania do nosso país e não a serviço de grandes empresas”, diz Liciane Andrioli, da coordenação nacional do MAB. (Com informações de Simone Freire)

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro