Atingidos por Aimorés denunciam violação dos diretos humanos
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou nesta terça-feira (05/06) uma reunião aberta ao público na cidade de Aimorés (MG), com o objetivo de discutir junto à sociedade a […]
Publicado 06/06/2012

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou nesta terça-feira (05/06) uma reunião aberta ao público na cidade de Aimorés (MG), com o objetivo de discutir junto à sociedade a violação dos diretos humanos na construção da hidrelétrica de Aimorés.
A atividade contou com cerca de 300 atingidos e com a presença de órgãos públicos e autoridades do município. Segundo o padre Elias Piet Mous, tentam nos convencer que tudo isso é em nome do progresso, mas o que resta ao povo é apenas o pó expelido pelo trem que trafega em nossa região. Perdemos nosso rio e já não podemos mais desfrutar de suas belezas. O que se vê é que somente alguns usufruem dos benefícios e a maioria sofre com as consequências do tal progresso, concluiu.
Posteriormente à reunião pública, os atingidos fizeram uma marcha pela cidade onde denunciaram a exploração que estão sofrendo pelo consórcio Vale e Cemig. Os atingidos fizeram denúncias em frente ao escritório do consórcio e lembraram o período de chegada da obra na cidade. Sônia Regina Vieira da Silva, atingida na cidade de Itueta, denunciou: Eu tinha um restaurante, servia comida aos operários, mas meu restaurante foi interditado durante muito tempo, e quando construíram a Nova Itueta trouxeram minhas coisas do restaurante e colocaram em um galpão e não fizeram até hoje um ponto de comercio para poder voltar a fazer o que eu sei, o consórcio tirou meu modo de trabalho e minha esperança de vida.
A UHE Aimorés está construída sob o Rio Doce, cuja bacia atualmente tem cerca de 116 projetos em andamento que atingirão cerca de 2.000 famílias. Segundo o relatório aprovado pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, a barragem de Aimorés violou 11 direitos humanos, sendo um deles o direito à reparação por perdas passadas na construção da barragem.
A desapropriação e seus impactos
Na área urbana de Resplendor foram desapropriados cerca de 247 domicílios (total de 830 pessoas residentes) e 52 estabelecimentos comerciais e de serviços. Das 70 propriedades rurais da área diretamente afetadas pelo lago, 48 localizavam-se na margem esquerda do rio Doce e 22 na margem direita, sendo 15 do município de Aimorés, 32 de Itueta e 23 de Resplendor.