MAB protesta contra empresas do setor elétrico em Foz

Militantes de organizações e movimentos sociais da região da tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai) realizam desde ontem (16), em Foz do Iguaçu (PR), o seminário Água e Energia: Soberania […]

Militantes de organizações e movimentos sociais da região da tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai) realizam desde ontem (16), em Foz do Iguaçu (PR), o seminário Água e Energia: Soberania e Sustentabilidade dos Povos, que ocorre paralelamente ao congresso da Associação Internacional dos Produtores de Hidreletricidade.

Leia a declaração final do Econtro

Para o MAB, o fato do Congresso realizar-se no Brasil é emblemático, pois é um dos países com maior potencial de geração hidrelétrica do mundo. “Em nosso rios, enxergam apenas grande obras e o quanto de lucro poderão ganhar com a construção de barragens. Somos contra a essa visão de saqueio de nosso bens naturais, nos deixando apenas com os desastres ambientais e com o rastro de violação dos direitos humanos”, declarou Robson Formica, coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Na manhã de ontem, os militantes fizeram manifestação em frente ao local do encontro oficial. À tarde iniciaram um conjunto de debates sobre o atual modelo do setor elétrico e os efeitos negativos sobre a população atingida. O debate geoestratégico da energia foi o principal ponto de discussão. A contribuição inicial sobre o debate energético coube ao engenheiro eletricista e dirigente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná, Luiz Carlos Soares. Ele apontou a importância que cumpre a questão energética para a acumulação e reprodução do capital.

Já o engenheiro argentino Jose Barnen, militante em defesa das comunidades atingidas e dos pequenos agricultores na província de Missiones, apresentou estudos de alternativas energéticas como aquecedores, caldeiras, micro-turbinas e pequenos geradores eólicos.

“É importante trocarmos experiências, socializarmos situações vividas e construirmos propostas unitárias das organizações e movimentos sociais aqui presentes, pois todos somos vítimas desse modelo energético, violador, concentrador e excludente”, avalia Robson.

Hoje (17), último dia do seminário, o debate seguiu em entorno das violações dos direitos humanos em áreas de barragens, da campanha do povo paraguaio pela recuparação da sobernia hidrelétrica e da construção da plataforma operaria e componesa para o setor energético.

A energia elétrica no Paraná

O estado do Paraná é um exportador de energia, responsável por 25 por cento da eletricidade do país. Mas é fato que apenas 20 por cento de toda produção da eletricidade em território paranaense é usada de acordo com a demanda da população.

O quadro é de acumulação e concentração energética. Do total do consumo de energia elétrica no Paraná em 2008, segundo dados do IPARDES, os setores eletrointensivos, o setor industrial e os grandes comércios representam apenas 2% dos estabelecimentos, porém devoram 50 por cento da eletricidade.

Ainda de acordo com o coordenador do MAB, a diferença entre os consumidores livres e os consumidores residenciais (população) por unidade consumidora é de 60.618 vezes. “O que significa que uma grande industrial eletrointensiva no Paraná consome energia capaz de abastecer a população urbana da cidade de Guarapuava, de quase 200 mil habitantes”, explica.

Projetos de construções de barragens e hidrelétricas podem afetar 15 mil famílias no Paraná, com um total de 41 unidades geradoras. Outras tantas milhares de pessoas já foram atingidas.


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