Conferência sobre energia reúne organizações de quatro países
Aconteceu entre os dias 7 e 11 de outubro a conferência Power up: soluções para uma transição energética justa para o Sul, na região da Cidade do Cabo, na África […]
Publicado 10/10/2013
Aconteceu entre os dias 7 e 11 de outubro a conferência Power up: soluções para uma transição energética justa para o Sul, na região da Cidade do Cabo, na África do Sul. Na atividade, cerca de 30 integrantes de organizações deste país, do Brasil, da Índia e da Alemanha se reuniram para debater os desafios do acesso à energia e da produção sustentável nos países em desenvolvimento.
A atividade foi organizada pela Misereor, uma entidade alemã, e envolveu movimentos parceiros nos três países, incluindo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Vimos que nos diferentes países, as questões são as mesmas: controle democrático acesso igualitário, fontes energéticas, afirmou Vincent Muller, da Misereor. Precisamos desenvolver uma visão comum com relação à energia, por isso reunimos as organizações que estão trabalhando no mesmo problema.
Durante a atividade, os participantes puderam trocar experiências, conhecer a realidade dos outros países e fortalecer a solidariedade internacional na luta por um acesso justo à energia e preservação do meio ambiente. Além disso, puderam conhecer experiências de geração de energia solar, biogás e outras alternativas em comunidades urbanas e rurais da Cidade do Cabo. Puderam também ver os limites das iniciativas, por exemplo, a impossibilidade de conectar a geração solar de energia ao sistema de distribuição tradicional.
Também as organizações de outros países mostraram suas experiências em produção de energia alternativa como possibilidade para o acesso à energia. Siddharth DSouza, da organização indiana Laya, apresentou projetos de micro-hidrelétricas, placas solares implantados por sua organização em comunidades rurais. Na Índia, ainda há 300 milhões de pessoas sem acesso à energia.
Os brasileiros presentes na atividade mostraram as contradições do que se costumam chamar fontes sustentáveis de energia, apontando problemas ambientais, sociais e econômicos na geração hidrelétrica, na energia eólica e nos agrocombustíveis. O central para nós é discutir o modelo energético e perguntar para que e para quem se está produzindo a energia. Não existe sustentabilidade quando o setor energético é controlado pelas empresas transnacionais, que extraem os minérios dos países pobres, degradam a natureza e aumentam a dependência, afirmou Gilnei Dalla Agnolli, do MAB.
Também participou da atividade o camponês alemão Manfred Ebeling, que trouxe a experiência da luta de 30 anos de resistência popular contra o despejo de lixo nuclear em Wendland. Ele, que tinha receio de conhecer a realidade dos países pobres, ficou emocionado ao ver as semelhanças entre sua luta e a dos atingidos por barragens no Brasil, exibidas nas fotos de marchas e enfrentamento contra a repressão policial.