Cartel envolvendo transnacionais e agentes públicos chegou ao setor de energia
Especial Atingidos por Barragens, Brasil de Fato Foto: Joka Madruga O esquema de corrupção e formação de cartel envolvendo transnacionais e funcionários públicos não ficou restrito aos transportes. As irregularidades […]
Publicado 05/09/2013
Especial Atingidos por Barragens, Brasil de Fato
Foto: Joka Madruga
O esquema de corrupção e formação de cartel envolvendo transnacionais e funcionários públicos não ficou restrito aos transportes. As irregularidades se estenderam também ao setor de energia, de acordo com denúncias feitas por um ex-executivo da Siemens. Em uma carta enviada de forma anônima ao ombudsman da companhia na Alemanha e a autoridades brasileiras em junho de 2008, o ex-funcionário revela uma rotina de atos ilícitos em concorrências públicas e pagamento de propinas a agentes públicos do país.
O documento faz referência aos projetos dos metrôs de São Paulo e Brasília, mas garante que as irregularidades vão além.
Este tipo de prática não é privilégio da Divisão de Transporte. Ele também é comum na Transmissão e Distribuição de Energia, Geração de Energia e Divisões Médicas, que lidam com empresas de propriedade pública.
A carta originou a investigação das fraudes no sistema de transportes, que começaram a ser relatadas pela Siemens em julho deste ano, após um acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
As suspeitas apontam para formação de cartel em licitações para aquisição de trens, manutenção e construção de linhas ferroviárias e de Metrô entre 1998 e 2007 em São Paulo e no Distrito Federal.
O esquema no estado paulista teria se iniciado em 2000, no governo de Mário Covas e continuado durante os governos de Geraldo Alckmin (2001-2006) e no primeiro ano do mandato de José Serra (2007) todas gestões do PSDB. Além da Siemens teriam participado a Alstom, Bombardier, CAF, TTrans e Mitsui.
O autor da denúncia não forneceu nomes nem detalhes mais específicos sobre as fraudes no setor de energia.
No Brasil, a Siemens tem contratos com empresas de diversos governos. Junto com a Alstom e a Andritz, a companhia formou um consórcio para fornecer turbinas para a hidrelétrica de Belo Monte. Em São Paulo, o governo paulista contratou a transnacional em diversas ocasiões.
As irregularidades praticadas pelas empresas foram alvo de um protesto do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) nesta quarta-feira (4), que fez panfletagens para denunciar o caso.
A energia produzida em nosso país tem que estar a serviço da população e da soberania do nosso país e não a serviço de grandes empresas, diz Liciane Andrioli, da coordenação nacional do MAB. (Com informações de Simone Freire)