TJMG nega direito de acesso à informação a atingidos pelo crime em Brumadinho

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais negou o acesso dos atingidos à contraproposta da Vale, apresentado no último dia 03.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) foi surpreendido com a negativa de acesso à contraproposta da Vale referente ao “acordo global do caso Brumadinho” em tratativa entre o Estado Minas Gerais, às instituições de justiça e a empresa.

De acordo com a resposta do Ministério Público ao MAB, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais decretou sigilo nos autos em relação aos termos do acordo, violando gravemente o direito à informação da população atingida.

Na última terça-feira (3), em reunião entre o MAB, Comitê Gestor Pró-Brumadinho, Assessorias Técnicas e instituições de justiça, firmou-se o compromisso de repasse dos termos do acordo aos atingidos, no entanto, isso foi impedido por tal decisão proferida pelo TJMG.

O MAB vem a público repudiar este ato parcial que atenta contra às vítimas de um bárbaro crime ainda impune, afrontando claramente os meios para uma reparação justa, impedindo o acesso ao direito fundamental à informação, garantido pela Constituição Federal em seu artigo. 5º, que determina que todos tenham o direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou coletivo.

O acesso à informação e participação qualificada dos atingidos no processo de reparação integral aos danos sofridos, são de fundamental importância. Sobretudo, para que não se repita a desastrosa experiência da bacia do Rio Doce, onde a Vale S/A conseguiu com o amparo da justiça federal, construir acordos a portas fechadas, cerceando a participação das vítimas, de modo que milhares de pessoas ainda permaneçam à espera de reparação, após cinco anos que se completam nesta quinta-feira (5). Beneficiando assim, os interesses econômicos das mineradoras que reincidem em práticas criminosas.

“Apenas a Vale S/A é beneficiada com o sigilo das informações. É um absurdo que o TJMG adote esta postura tendenciosa, negando aos atingidos o conhecimento das propostas de negociação, visto que foi assegurado pelas partes envolvidas, em ata da audiência no dia 22 de outubro, a participação organizada dos atingidos na construção da minuta do acordo”, afirma Joceli Andrioli, membro da Coordenação Nacional do MAB.

“Não queremos proteção a esta mineradora criminosa e reincidente, importante saber quais as posições da empresa em mais uma tentativa para sair ilesa aos crimes que comete. Precisamos impedir acordos rebaixados construídos em gabinetes, que perpetuam a lógica do lucro acima dos interesses coletivos e da vida”, completa Andrioli.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 06/10/2020 por Coletivo de Comunicação MAB MG

Atingidos realizam ato no TJMG e reivindicam continuidade de Auxílio Emergencial na bacia do Paraopeba

Atingidos pelo crime da Vale em Brumadinho se organizaram na porta do TJMG em luta pelo Programa Direito e Renda, que garante a continuidade do auxílio emergencial e o aumento da abrangência territorial

| Publicado 06/11/2020 por Coletivo Nacional de Comunicação do MAB

Manifestações denunciam cinco anos de injustiça do crime no rio Doce

Em diversas cidades de Minas Gerais e no Espírito Santo, atingidos saíram às ruas para pedir justiça após meia década sem reparação; projeções foram realizadas em capitais de outros estados

| Publicado 10/11/2020 por Movimento dos Atingidos por Barragens - Minas Gerais

Abaixo-assinado pede participação de atingidos em acordo entre Vale e Estado sobre Brumadinho

Acordo está pronto para ser assinado no próximo dia 17 sem que os atingidos possam se pronunciar e participar da construção dos termos de reparação na bacia do Paraopeba