Chuvas no Rio Grande do sul deixam mortos, desaparecidos e mais de 8 mil pessoas desalojadas

Mais de 500 mil pessoas estão sem água e 300 mil sem luz

Chuva no Rio Grande do Sul vai seguir. Lajeado volta a sofrer com enchente meio anos após as grandes cheias históricas do Rio Taquari do segundo semestre de 2023. Foto: AGEU KEHRWALD / METSUL

As chuvas que castigam o Rio Grande do Sul desde a última segunda-feira, 28, causaram estragos históricos. Os últimos dados divulgados pela Defesa Civil, nesta quinta (2), apontam 24 mortos e mais de 20 desaparecidos. Os temporais causaram destruição de moradias, estradas e pontes, interrompendo serviços essenciais. Mais de 500 mil pessoas estão sem água e quase 300 mil enfrentam falta de energia elétrica. O impacto se estende a serviços de comunicação, com 86 municípios sem serviço de telefonia e internet. As aulas nas escolas estaduais foram suspensas nesta quinta e sexta-feira para garantir a segurança de alunos e funcionários.

A previsão é que a situação se agrave ainda mais nos próximos dias, uma vez que o tempo deve permanecer chuvoso até o fim da semana. Os temporais remetem à situação já vivida na região no segundo semestre do ano passado que marcou o auge do evento do El Niño de 2023-2024.

De acordo com o serviço de meteorologia Metsul, as projeções novamente indicam um cenário dramático para estado com acumulados extremamente altos de precipitação nas regiões mais castigadas por cheias e inundações (entre 300 mm e 500 mm), o que provocará uma situação de desastre de grandes proporções.

Assim como nas últimas enchentes no estado, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) está atuando na região para apoiar os grupos atingidos através de brigadas e de cozinhas solidárias. “O MAB tem como princípio a solidariedade e a construção coletiva das soluções para o povo. Estamos criando as condições para que, assim que for possível o acesso, levarmos comida, kits de higiene e demais suprimentos para as cidades mais afetadas. Toda ajuda é bem-vinda”, afirma Alexania Rossato, integrante do coordenação nacional do MAB. Segundo a dirigente, o Movimento irá atuar especialmente no Vale do Taquari, nas ilhas do Rio Guaíba e no Baixo Jacuí. “Montaremos as cozinhas solidárias e vamos conseguir água, comida, material de higiene e limpeza para toda a população nesse primeiro momento emergencial”, complementa Alexania.

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O governo federal também já atua na região. Em visita ao estado, o presidente prometeu empenhar todos os esforços possíveis para garantir o apoio necessário às comunidades atingidas o mais rápido possível.

“Não faltará ajuda da parte do governo federal: ajuda para cuidar da saúde, do transporte, dos alimentos. Tudo o que estiver ao alcance do governo federal, seja através dos ministros, seja através da sociedade civil ou seja através nossos militares. A gente vai dedicar 24 horas de esforços pra atender as necessidades básicas do povo que está isolado por conta da chuva. Eu sei que são muitas estradas, são muitas casas, são muitas pontes. Lamentavelmente, a gente só não pode prometer recuperar a vida das pessoas que foram perdidas, porque não está no nosso alcance, mas a gente vai tentar minimizar os prejuízos das pessoas”, declarou o presidente.

No Vale do Taquari esta já é a terceira grande enchente em sete meses. Em setembro e novembro de 2023, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) atuou ativamente no atendimento emergencial e na articulação das pessoas atingidas para que elas pudessem acessar políticas públicas necessárias, a partir da relação com outros movimentos sociais e com o governo federal. Ao todo, o MAB serviu mais de 1,2 mil refeições em uma cozinha solidária nos municípios de Arrio do Meio e Cruzeiro do Sul.

Como ajudar?

Além de seguir o MAB nas redes e ajudar a divulgar as ações, você pode colaborar com a campanha de solidariedade por meio de doações.

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