NOTA | MAB reitera importância da liquidação coletiva dos danos individuais na Bacia do Paraopeba

Nesta quarta, 6, o juiz Murilo Silvio de Abreu suspendeu decisão que garantia reparação justa para os atingidos no processo contra a Vale

Ato em frente ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Foto: Aedas

Na tarde desta quarta, 6, recebemos a notícia de que o juiz Murilo Silvio de Abreu suspendeu sua própria decisão proferida no  dia 14 de março deste ano, que determinava a liquidação coletiva dos danos individuais dos atingidos pelo rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), de propriedade da Vale S/A. De acordo com o magistrado, o objetivo da suspensão é ouvir a mineradora sobre o caso, tendo a Vale um prazo de dez dias para se manifestar.

Nesse caso, a mineradora, que é contrária a este caminho de liquidação coletiva dos direitos individuais, deve apresentar os mesmos argumentos que já manifestou em seus documentos, adiando novamente a reparação dos direitos dos atingidos, que aguardam desde 2019.

A decisão anterior do juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual de Belo Horizonte favorável à liquidação coletiva foi fruto da luta dos atingidos da Bacia do Paraopeba e Lago Três Marias, que buscam o reconhecimento de danos de todos atingidos de uma forma justa. É também essa decisão que garante a continuidade do acesso à Assessoria Técnica Independente, a participação dos atingidos sobre as discussões sobre as indenizações e a inversão do ônus da prova. Ou seja, com esta decisão, ficou definido que a Vale, que cometeu o crime, é quem deveria assumir a responsabilidade de provar para a Justiça que não causou os danos que não quer reparar – e não o atingido que deveria provar que sofreu o dano.

A suspensão da decisão (de 14 de março) significa que o processo volta para a Segunda Vara (Primeira Instância). Por isso, a luta continua. Precisamos impedir qualquer manobra da Vale pelas costas dos atingidos e reivindicar que as Instituições de Justiça continuem defendendo os direitos da população até que todos os danos sejam reparados.

Continuaremos em luta pela defesa dos direitos individuais de todos os atingidos da Bacia do Paraopeba e do Lago Três Marias dentro do processo coletivo. Portanto, nenhuma luta está cancelada! Seguimos firmes!

Vale lembrar que o julgamento do dia 14 de março ainda não está cancelado oficialmente. A princípio, a luta está mantida!

Direitos só com luta e organização!

Águas para Vida, não para Morte!

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 05/09/2023 por Coletivo de Comunicação MAB MG

CSN não comparece à audiência com moradores de Congonhas (MG) que questionam ampliação da mineração no município

Companhia Siderúrgica Nacional – CSN pretende ampliar em três vezes a sua exploração no município, que já abriga a maior barragem de rejeitos em área urbana da América Latina

| Publicado 07/09/2023 por Movimento dos Atingidos por Barragens

NOTA | MAB exige reparação justa para atingidos pelo rompimento de reservatório da Casan em Florianópolis

Para evitar que violações de direitos cometidas após rompimento de outra estrutura da Casan em 2021 se repitam, o MAB elenca os direitos dos atingidos que devem ser garantidos no processo de ressarcimento de danos

| Publicado 13/10/2023 por Movimento dos Atingidos por Barragens

O Estado brasileiro e o governo precisam proteger a vida das populações atingidas

Governo brasileiro não pode mais ser omisso ou conivente com situação vigente de violação de direitos de grandes empresas contra a população atingida do país