Indignação por mais um ataque ao povo Munduruku

Em mais um episódio de violência na Amazônia, garimpeiros atacam aldeia na Terra Indígena Munduruku

Nós do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) manifestamos nossa indignação com a escalada de violência contra o povo Munduruku em Jacareacanga (PA), na região do Tapajós.

Dois meses após a invasão da sede do Movimento Indígena em Jacareacanga, ocorre um ataque ainda mais violento contra esse povo. Garimpeiros com o apoio de indígenas cooptados atacaram a aldeia Fazenda Tapajós e incendiaram a casa de Maria Leusa Kaba, da associação Wakoborun, e de sua mãe, cacica da aldeia.

O ataque ocorre em reação a uma operação da Polícia Federal e da Força Nacional contra o garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Munduruku. Na manhã desta quarta-feira (26), empresários do garimpo fizeram uma mobilização contra a operação com o incentivo da própria prefeitura municipal. “Tentaram queimar os equipamentos e foram respondidos com bombas de gás. Não conseguindo atingir os policiais os garimpeiros e seus grupos de indígenas cooptados, foram atacar as casas de nossas lideranças”, afirma a nota do Movimento Ipereg Ayu.

 As violações dos direitos humanos dos povos tradicionais já são históricas em todo Brasil, porém com o governo Bolsonaro e seu ministro da destruição do Meio Ambiente Ricardo Salles o que vemos é um incentivo aberto ou velado a essa escalada de conflitos e de destruição na Amazônia. Criminosos se sentem encorajados a atacar defensores de direitos humanos diante da certeza de impunidade e apoio político do governo.  

A questão da regularização do garimpo é um tema delicado. Sem políticas públicas que fortaleçam a distribuição da riqueza na Amazônia, o garimpo se torna uma das poucas atividades econômicas possível para um grande número de trabalhadores. No entanto, não são estes, mas sim os donos do maquinário utilizado que mais tem lucrado com a forma irregular de exploração de ouro na região do Tapajós.

Exigimos que o Estado brasileiro cumpra seu dever constitucional de garantir os direitos dos povos indígenas a seus territórios tradicionais e que garanta a segurança das lideranças e defensores de direitos humanos na Amazônia.

Que os direitos dos povos indígenas sejam respeitados!

Fora Bolsonaro!

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