“Começou tudo novamente”, relata Dona Teresa, que está com a casa em reforma após ter sido atingida; moradores suspeitam de problema no sistema de drenagem da rua
Publicado 23/04/2021 - Atualizado 23/04/2021
Nesta semana, as chuvas que atingiram a região de Florianópolis trouxeram à tona problemas no sistema de drenagem da Servidão Manoel Luiz Duarte, na Lagoa da Conceição.
Após o rompimento da barragem da CASAN, no dia 25 de janeiro, a rua foi tomada pela lama. Na quarta-feira (21), pelo menos duas casas ficaram alagadas, e as famílias seguem impedidas de reconstruir suas vidas.
Os moradores suspeitam que a grande enchente de lama ocorrida com o rompimento da barragem pode ter danificado o sistema de drenagem da rua, causando a enchente.
Além dos transtornos, o medo e a insônia em dias de chuva permanecem presentes. Os atingidos relatam conviver com a insegurança da falta de informações e com o receio constante de um novo rompimento.
A lagoa de tratamento de esgoto da empresa passou por obras de contenção e segue sendo reformada nos fundos da rua Servidão Manoel Luiz Duarte. No entanto, ainda não existem medidas de segurança, como sirenes ou planos de evacuação no caso de novo rompimento.
“Começou tudo novamente”, relata Dona Teresa, atingida pela barragem da CASAN. A casa dela estava em reforma, e a atingida foi avisada pela vizinha sobre os alagamentos.
“É de chorar, é a segunda vez que isso destrói a vida da gente”, afirma Dona Teresa. A família estava, aos poucos, retomando a vida, com tudo arrumado esperando a reforma da casa. Agora, permanece a tristeza, o desânimo e a insegurança de retornar ao local onde moram há décadas.
Paloma, também atingida pelo rompimento da barragem da CASAN, estava prestes a retornar ao seu lar neste final de semana. Nesta terça-feira (20), sua família instalou a mobília nova, quando foram surpreendidos por um novo alagamento. Foram destruídos móveis e eletrodomésticos, o lar que estava sendo reconstruído voltou a ficar inabitável.
Os moradores, atingidos e atingidas pelo rompimento, cobram respostas da CASAN. A empresa nega ter responsabilidade sobre os acontecimentos, indicando que a rede pluvial é responsabilidade da prefeitura, e trata as pessoas com descaso e desrespeito.
As famílias seguem sem resposta e sem saber como agir. A lama que atingiu toda a rua no dia 25 de janeiro, era densa, fétida, e muito difícil de ser removida, portanto os moradores relatam que deve ter afetado a rede pluvial entupindo os canos de drenagem.
“A rua que foi calçada há mais de 20 anos nunca teve alagamentos como este antes”, relata dona Teresa.
O MAB se solidariza às famílias atingidas e denuncia a injustiça enfrentada pelos moradores. Para o movimento, não é justo as famílias passarem por alagamentos em suas casas pela segunda vez em menos de três meses. O Movimento dos Atingidos por barragens segue vigilante até que haja a reparação integral dos direitos das famílias atingidas, dentre os quais está o direito a não repetição do dano sofrido.