Nota de pesar pelo falecimento de Cássio Freire Beda

Cássio atuava junto ao povo Munduruku na região do Tapajós

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) lamenta profundamente a partida do ambientalista Cássio Freire Beda, que faleceu em decorrência de uma rara doença degenerativa neste domingo, 4 de abril.

Cássio tinha apenas 35 anos. Ele trabalhou na Missão do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de 2015 a 2017 na região do Tapajós, no Pará. Com atuação muito próxima ao povo Munduruku, Cássio contribuiu com a resistência contra a implantação das hidrelétricas no rio Tapajós.

Cássio foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença que acomete neurônios relacionados à locomoção no cérebro e na medula espinhal. A suspeita de seus amigos e companheiros de luta é que Cássio tenha se intoxicado com mercúrio – material que se acumula nos peixes do rio Tapajós em decorrência do garimpo de ouro praticado na região.

Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz evidenciou que a contaminação por mercúrio é uma realidade vivida pelos Munduruku, que convivem com a proximidade do garimpo há cerca de 70 anos.

No último período, no entanto, o problema tem se agravado. O presidente Jair Bolsonaro e seus aliados tem defendido abertamente o garimpo dentro de terras indígenas e estimulado a invasão a esses territórios. Os conflitos tem se agravado e, na semana passada, um escritório compartilhado por várias organizações dos Munduruku foi depredado por garimpeiros na cidade de Jacareacanga (PA).

Cássio vinha denunciando os perigos socioambientais do garimpo ilegal na região e a contaminação sofrida pelos indígenas e ribeirinhos do Tapajós. Sua luta em defesa da Amazônia e junto a seus povos jamais será esquecida.

Neste vídeo, é possível conhecer um pouco da luta e das denúncias feitas por Cássio.

Cássio Freire Beda, presente, presente, presente!

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