Após idas e vindas, atingidos de Itapuã do Oeste, em Rondônia, conquistam construção de ponte que liga a cidade à zona rural
Publicado 13/07/2020 - Atualizado 13/07/2020
Foto: Diário da Amazônia
Quase três décadas depois de idas e vindas, a compensação social da hidrelétrica de Samuel saiu do papel no dia 3 deste mês. A conquista faz parte de uma dívida social histórica que o conjunto do estado brasileiro tem a partir da construção da usina com os atingidos de diversos municípios ao longo do rio Jamary.
A hidrelétrica de Samuel, localizada em Candeias do Jamari, começou a ser construída no início da década de 1980, e levou mais de 10 anos para ser concluída. Depois de pronta, os problemas sociais e ambientais gerados com o enchimento do seu reservatório só aumentaram e se agravaram, ao mesmo tempo em que o número de atingidos cresceu.
Os atingidos de Itapuã do Oeste lutam há mais de 31 anos por seus direitos, entre os principais impactos no município estão a elevação do lençol freático e encharcamento do solo, a luta gerou uma pauta extensa e negociação com a Eletronorte, processo que dura anos.
Em 2011, o MAB realizou uma grande assembleia dos atingidos reunindo aproximadamente 600 pessoas do município, onde reafirmou as pautas reivindicadas, apresentadas em três eixos, sendo:
– Plano de reestruturação e desenvolvimento dos municípios e comunidades da região atingida pela UHE de Samuel;
– Plano de reassentamento das famílias atingidas da região;
– Plano de fortalecimento da pesca e aquicultura familiar;
Após muita pressão, luta e persistência, o movimento garantiu em ata que a Eletronorte se comprometesse com a construção da ponte sobre o Rio Jamari que liga a cidade de Itapuã do Oeste à zona rural.
A ponte começou a ser construída ainda em 2002 e foi entregue em 2004, por meio de um convênio com a empresa. No entanto, faltava o aterro, providenciado pela prefeitura. Com o início do aterro, parte da ponte desabou e até poucos meses atrás, a obra ainda estava abandonada.
Um impasse judicial entre a Eletronorte e a empresa contratada para o serviço de atribuição da causa do desabamento impedia que a obra fosse retomada. Para sanar o problema, enquanto a ponte não saia, a Eletronorte contratou uma empresa para fazer a travessia de balsa, que saia a cada meia hora.
A obra, que ficou tanto tempo sem conclusão, era o símbolo da frustração de quem mora do outro lado do rio, nas estradas vicinais B-40 e T-120.