“Foi muito difícil”, relata atingida do Paraná sobre falta de energia após fortes chuvas

Falta de energia elétrica foi apontada como principal problema por consequência do temporal do início do mês, agricultores perderam produção devido à demora para religamento

Estrago causado pela chuva em SC / Foto: São Joaquim Online

As fortes chuvas que atingiram o Paraná no fim de junho e começo de julho deixaram rastros de destruição em várias regiões do estado. No Sudoeste, onde a maior parte dos municípios registrou estragos causados pelo temporal, a consequência principal foi a falta de energia elétrica, que durou dias após a chuva.

Em algumas localidades, principalmente da zona rural, o desabastecimento chegou a mais de cinco dias.

No Reassentamento Rural Coletivo de Realeza, os atingidos ficaram sem energia elétrica nas residências por quatro dias seguidos, afetando diretamente a produção agrícola.

Além da produção de hortifruti perdida pelo vento e chuva, a reassentada Judith da Silveira Antonello conta outros prejuízos sofridos.

 “A questão da falta de luz foi bastante complicada. Nós mexemos com carne e estamos fazendo embutidos, todos os derivados embutidos da carne do porco, a câmara fria estava lotada de mercadoria, da semana toda.”, relata a atingida.

Sobre o tempo de espera até a energia elétrica voltar, a atingida paranaense afirma: “Toda essa produção foi perdida porque a luz acabou na terça [30 de junho] uma da tarde, e só retornou na sexta-feira [3 de julho], as quatro da tarde. A gente já trabalha muito, com isso, a situação fica bem mais difícil”, desabafa Antonello.

A agricultura familiar sofre bastante desde o início da pandemia de Covid-19 com o escoamento da produção e acesso aos créditos emergenciais.

O cenário após o ciclone bomba, que deixou um rastro de destruição por toda a região Sul do país, devido aos fortes ventos e chuvas, intensificou as dificuldades enfrentadas pela população do campo.

Ainda no reassentamento de Realeza, foram descartados mais de 3 mil litros de leite inviabilizados para comercialização por falta de resfriamento, devido à ausência de energia elétrica.

As famílias também perderam vários alimentos de consumo próprio que não puderam ser resfriados, segundo levantamento feito pela equipe de Assistência Técnica que presta serviços para os reassentados.

“Eu acho que a Copel, uma empresa tão grande, eficiente, tão capaz e tão rica não deveria deixar o povo passar por uma situação dessas. A gente paga um preço absurdo pela luz, por que não tem eficiência?”, questiona a reassentada.

Segundo dados divulgados pela Copel, mais de 1,8 milhão de unidades consumidoras foram afetadas alternadamente no Paraná – 38% do total de unidades consumidoras atendidas pela empresa.

Ainda de acordo com a Copel, os casos foram resolvidos segundo a ordem de prioridade, sendo a área de Curitiba e região metropolitana uma das mais devastadas.

A definição de “área prioritária”, no entanto, não abrangeu a comunidade quilombola de João Surá, por exemplo. Situada na zona rural do município de Adrianópolis, região metropolitana da capital, teve o religamento de energia estabelecido apenas 5 dias depois da tempestade, relatam os moradores.

Resposta da Copel

Após contactada pela reportagem do MAB Paraná, a assessoria de comunicação da Copel afirmou que: “No momento, há alguns pontos sem energia no litoral, equipes da Copel ainda estão atuando por lá, mas é um número bem reduzido em comparação ao começo da semana.”

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