Impactos da pandemia na renda da agricultura familiar e no trabalho informal do Vale do Jequitinhonha e rio Pardo, MG

O recém surto do Coronavírus tem impactado a rotina das pessoas de todo o mundo, desde grandes centros urbanos até as áreas rurais. O vírus possui um alto poder de […]

O recém surto do Coronavírus tem impactado a rotina das pessoas de todo o mundo, desde grandes centros urbanos até as áreas rurais. O vírus possui um alto poder de contaminação, e fez milhares de vítimas pelo mundo graças a sua facilidade de transmissão e suas consequências no sistema respiratório. 

Como medida de prevenção, governos de muitos países decretaram que a população ficasse em casa e adotasse o isolamento social, na tentativa de reduzir ou zerar a propagação do vírus. Comércios, academias e bares foram fechados, incluindo as feiras livres e qualquer evento que reúna um grande número de pessoas. 

Tais medidas atingem de forma direta os pequenos produtores que sobrevivem da agricultura familiar, como é o caso dos produtores das regiões do alto rio Pardo e do Vale do Jequitinhonha.

Os trabalhadores rurais dessas regiões, em sua grande maioria, retiram seu sustento através da produção e comercialização de verduras, legumes, frutas, cereais, leite e derivados. Produção que é escoada em feiras livres que são realizadas nas sedes dos municípios. O dinheiro arrecadado nas vendas ajuda na compra de produtos que não são produzidos em suas propriedades. Alguns produtores também comercializam seus produtos em programas como: o PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar e PAA – Programa de Aquisição de Alimentos. 

Feira da Cidade de Almenara
Foto: Nilmar Lages

Com o cancelamento das feiras e fechamentos da escola, os produtores não veem como escoarem sua produção, causando a perda dos alimentos perecíveis e da renda provinda das feiras e programas. De acordo com a Clemência Araújo de Oliveira, feirante na cidade de Taiobeiras, “se essa crise durar muito tempo, minha situação vai ficar crítica. É da feira que tiro o meu sustento”.

Outro caso de atingidos diretos são os artesãos. Na cidade de Itaobim, o artesanato em Pasmado, que tem grande importância para a economia local, tende a diminuir as vendas. Os artesãos comercializam seus produtos para os turistas que vistam o Vale do Jequitinhonha. Com o surto, não há mais o fluxo de turistas na região. 

Artesanato na cidade de Itaobim, localizada na comunidade Pasmado – BR367
Foto: Nilmar Lages

Dentre todas as classes afetadas, a do trabalho informal está entre a principal. Aqueles que saíram de suas casas, muitas das vezes na zona rural, e foram para as grandes cidades atrás de uma renda melhor, inseriram nos empregos informais de ambulante, vendedor e freelance. Com o avanço do vírus nesses grandes centros, como é o caso de São Paulo, os que tiveram condições se viram obrigados a voltar para a cidade natal. 

Por falta de mercadorias para as vendas e pelo o risco do vírus, o estado de Sao Paulo adotou como medidas de proteção a proibição do comércio de ambulantes e de aglomerações.

Nessa situação, Jhonatan Mathias e Rosiel Oliveira, moradores do município de Indaiabira, voltaram de São Paulo e relataram que “as vendas dos produtos caíram pelo medo das pessoas de saírem para as ruas”. De acordo com Jhonatan, “além de estar exposto ao vírus, tinha também a fiscalização que, como medida de proteção, poderia recolher os produtos. Não poder ir trabalhar era angustiante, acredito que de agora em diante a situação vai piorar mais ainda”, finalizou. 

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