MPF reconhece diagnóstico de comunidades atingidas por Acauã

Atingidos de Itatuba participaram do Diagnóstico Rural Participativo (DRP) que mapeia demandas da região As comunidades de Cajá e Melancia, localizadas na zona rural do município de Itatuba na Paraíba, […]

Atingidos de Itatuba participaram do Diagnóstico Rural Participativo (DRP) que mapeia demandas da região

As comunidades de Cajá e Melancia, localizadas na zona rural do município de Itatuba na Paraíba, atingidas pela barragem de Acauã desde 2002, tiveram diagnósticos de realidade validados e reconhecidos pelo Ministério Público Federal. O reconhecimento veio em uma reunião, que ocorreu no último dia 23, com presença de vários órgãos públicos municipais e estaduais, com as famílias atingidas e lideranças do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

O Diagnóstico Rural Participativo (DRP) foi realizado ainda em 2018 nas comunidades Cajá com 122 famílias e Melancia com 150, pela Empresa de Pesquisa e Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer) e com a participação dos próprios atingidos. O diagnóstico tem como objetivo levantar as demandas históricas das famílias, cobradas desde a construção da barragem.

Os principais pontos levantados pelo DRP foram: acesso à terra para 272 famílias; implementação de adutora para a comunidade de Melancia; projetos produtivos para geração de renda e produção de alimentos saudáveis; reforma das casas e construção de novas moradias, além da titulação das mesmas; tarifa social de água; filtro para tratamento da água; recuperação e construção das estradas das comunidades até os municípios vizinhos.

De acordo com o procurador da república José Godoy Bezerra de Souza, presente na reunião, o próximo passo é acompanhar a implementação dos compromissos firmados nas reuniões de validação dos diagnósticos. “Prosseguiremos com as negociações com o governador do estado e com o presidente da Empaer para tratar das medidas estruturantes em relação ao acesso das famílias à terra”, acrescenta Godoy.

Para Osvaldo Bernardo, militante do MAB, “essa é uma conquista importante para os atingidos por Acauã, entendendo o momento em que vive o país. Estamos avançando na pauta das famílias. Isso se dá pelo reconhecimento da legitimidade da nossa luta”. Osvaldo reforça: “o Governo do Estado tem uma dívida histórica com essas famílias que vivem em péssimas condições e que sofreram violações de direitos já reconhecidas pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana CDDPH (atual Conselho Nacional de Direitos Humanos) em missão realizada em 2007”.

O diálogo entre o Governo do Estado e os atingidos ocorre por meio das secretarias responsáveis pelas pautas que a partir do DRP podem avançar na implementação das políticas públicas nas comunidades, como no caso do programa pró alimento e a devolução do funcionamento das escolas e postos de saúde.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro