Encontro do MAB iniciará com missa na festa da Padroeira do Brasil
Delegações de atingidos por barragens de diversos estados brasileiros participarão de missa em Aparecida (SP), em homenagem aos 19 mortos no rompimento da barragem em Mariana (MG) Foto: Leandro Taques […]
Publicado 25/09/2017
Delegações de atingidos por barragens de diversos estados brasileiros participarão de missa em Aparecida (SP), em homenagem aos 19 mortos no rompimento da barragem em Mariana (MG)
Foto: Leandro Taques
A abertura do 8º Encontro do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), organização que tem como lema Águas para a Vida e não para a Morte, não poderia ser mais simbólica. No dia 1º de outubro, cerca de 800 atingidos dos estados do Sul do país, de São Paulo e de Minas Gerais participarão da missa que também marca o início da Festa e Novena da Padroeira do Brasil, em Aparecida (SP).
Com o tema Senhora Aparecida: 300 anos de bênçãos e de graças, a festa que ocorre na Basílica de Nossa Senhora Aparecida celebra neste ano o tricentenário do surgimento da imagem de Nossa Senhora. Em 1717, três pescadores apanharam em suas redes o corpo e a cabeça da Virgem Maria, no Rio Paraíba, que posteriormente se tornou a Padroeira do Brasil.
Serão nove dias de novena e três dias de festas e celebrações na Basílica, entre os dias 1 e 12 de outubro. No último dia, feriado nacional desde a visita de João Paulo II ao município, ocorrerão shows de artistas como Padre Fábio de Melo, Daniel e Michel Teló.
Na abertura, denominada de Senhora Aparecida: das águas ao nosso coração, serão abençoadas as águas de 79 rios brasileiros, que foram recolhidas por integrantes da Marinha. Nesse mesmo dia, os atingidos farão a abertura do 8º Encontro Nacional com uma missa na Basílica, as 12 horas. A ideia é utilizar o exemplo histórico da santa das águas para fortalecer a atuação do movimento e relembrar os dois anos da morte das 19 vítimas do rompimento da barragem em Mariana (MG), que ocorreu em novembro de 2015.
Antônio Claret Fernandes, integrante do MAB e padre da Arquidiocese de Mariana (MAB), acredita que os atingidos devem tirar da história de Nossa Senhora Aparecida a força para continuarem reivindicando seus direitos.
Numa época em que não havia peixes, quando ninguém acreditava no sucesso da empreitada, três pescadores retiraram das águas a cabeça e o corpo da Virgem Maria, no Rio Paraíba. As próximas redes trouxeram, com a benção dessa santa, milhares de peixes. Hoje, nas águas do Rio Doce impactadas pela lama da Samarco, poucas pessoas acreditam no retorno da vida. Mas é justamente aí que o trabalho do MAB e a fé precisam caminhar juntas, afirma Claret.
Após a celebração, os atingidos se somam a delegações de outros estados na cidade do Rio de Janeiro, onde continuarão a programação do 8º Encontro Nacional. Este é um evento realizado a cada quatro anos para debater a situação das populações atingidas e traçar a linha de atuação do movimento para o próximo período.
Nossa Senhora Aparecida
Em outubro de 1917, Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, mais conhecido como conde de Assumar, viajava pelo interior de São Paulo em direção à cidade de Vila Rica. Em sua jornada, o governador da capitania de São Paulo e Minas de Ouro faria uma parada em Guaratinguetá (SP). Foi justamente para reverenciar o nobre, que três pescadores lançaram seus barcos no Rio Paraíba em busca de peixes.
Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso rezaram à Virgem Maria, após inúmeros insucessos da pescaria. Foi então que João Alves apanhou em sua rede o corpo de uma imagem da santa. Ao jogar novamente a rede, capturou a cabeça. Depois disso, em uma época de escassez, os três cidadãos pescaram uma quantidade tão grande de peixes que a embarcação quase afundou.
Atribuído o milagre à santa, esta recebeu o nome de Nossa Senhora Aparecida, posteriormente consagrada como Padroeira do Brasil.