Atingidas mineiras denunciam acordos entre CEMIG e Samarco
No terceiro dia seguido de mobilização, mulheres mineiras realizam ato pela diminuição do preço da luz e denunciam contrato entre CEMIG e Samarco por fornecimento mais barato de energia. Centenas […]
Publicado 09/03/2016

No terceiro dia seguido de mobilização, mulheres mineiras realizam ato pela diminuição do preço da luz e denunciam contrato entre CEMIG e Samarco por fornecimento mais barato de energia.
Centenas de mulheres acordaram cedo no dia de hoje (09) para o terceiro dia da jornada de mobilizações do mês de março.
O alvo hoje foi o escritório da CEMIG, localizado na região central da cidade de Belo Horizonte. Mulheres denunciaram os altos preços cobrados nas tarifas de energia, frente aos altos lucros da empresa, distribuídos a seus acionistas, em sua maioria, do capital financeiro internacional. Após caminhada pelas ruas de BH, as mulheres ocuparam o prédio da CEMIG.
As vantagens, que grandes empresas, na maioria eletrointensivas, adquirem no preço das tarifas de energia também foi alvo das denuncias das mulheres. É o caso da própria Samarco, que recebe incentivos nas contas de energia, pagando um preço muito menor do que é cobrado para as famílias mineiras.
Segundo Sônia Maranho, da coordenação nacional do MAB, a Samarco, no último período recebeu uma grande cota de energia a preço mais baixo e, posteriormente, comercializou a energia excedente no mercado de curto prazo:
A CEMIG forneceu energia para a Samarco por um custo de cerca de 70 reais por megawatt, sendo que a população paga em média 1.000 reais pela mesma quantidade de energia. Além disso, sabemos que a Samarco comercializou a energia excedente, ganhando alto lucro por isso. Com isso, podemos afirmar que simplesmente a Samarco tem extraído nosso minério sem pagar nada pela energia, afirmou Sônia.
As mulheres da FETRAF (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar) também estavam presentes no ato e denunciaram a péssima qualidade de energia nas regiões rurais do estado:
A gente trabalha o dia inteiro na roça, quando chega em casa precisa tomar um banho frio e bem rápido pra evitar de gastar muito. A conta lá em casa está quase em 200 reais. Não temos mais condições de pagar. Isso tudo, sendo que a qualidade é péssima, não podemos ligar mais de um eletrodoméstico junto, senão cai toda a força, afirmou dona Maria de Lurdes.
De frente para o prédio da CEMIG, ela ainda desabafou:
Nós somos pobres, trabalhadores, não somos iguais vocês, de sapatos engraxados, muitas vezes, não temos dinheiro nem pra comprar um chinelo para poder pagar a conta de luz, completou.
Após bastante agitação, as mulheres conseguiram realizar uma reunião com representantes da CEMIG. Além da exigência de diminuição das tarifas e melhor qualidade no fornecimento, a pauta foi voltada pela cobrança da implementação de antigos projetos que haviam sido prometidos pela CEMIG e que até agora pouco evoluíram.
Histórico de Lutas pela diminuição do preço da luz
Há tempos o MAB vem denunciando em diversas regiões do Brasil, que O preço da Luz é um Roubo. Em Minas Gerais, considerada uma das tarifas de energia mais caras do país, não foi diferente.
Em maio do 2013, atingidos mineiros realizaram um Plebiscito Popular Pela Redução das Tarifas. Milhares de pessoas votaram pela diminuição das contas de luz mineiras naquela ocasião e debateram propostas para um novo projeto energético.