Medidores da Light aumentam preço da luz em Vigário Geral

  Vivian Virissimo, do Rio de Janeiro (RJ) do Brasil de Fato   “Temos luz, mas estamos no escuro. Só falta ter de voltar a usar vela novamente”, lamenta o […]

 

Vivian Virissimo,

do Rio de Janeiro (RJ)

do Brasil de Fato

 

“Temos luz, mas estamos no

escuro. Só falta ter de voltar a usar vela novamente”, lamenta o aposentado Gelson dos Santos, 81 anos. Desde que os medidores eletrônicos da Light foram instalados, o seu salário já não é mais suficiente para pagar as despesas do mês. “Fizemos empréstimos para quitar as contas de luz. Agora, quando recebo, o banco já desconta tudo”, explica Seu Gelson, que se endividou para continuar tendo energia.

Nascido e criado em Vigário Geral, ele viu o valor da conta de luz dobrar em setembro de 2011, quando os medidores com chip foram instalados. Acostumado a pagar menos de R$100, sua conta saltou para R$239. Em março de 2012, por exemplo, desembolsou R$ 460, muito acima de sua média histórica. Em 2013, as contas baixaram um pouco, mas não são menores que R$250. Ameaçado pela Light de ficar sem energia elétrica, senhor Gelson pegou dinheiro emprestado com seus familiares e amigos para quitar as dívidas. Depois começou a pegar empréstimos.

“Agora meu salário dura apenas dois dias. Antes, eu ficava sem dinheiro apenas no final do mês”, relata o aposentado. Para tentar reverter essa situação, ele procurou o judiciário no início deste ano. Por meio da defensoria pública, ele pede a revisão dos valores e danos morais. “A casa fica sempre no escuro porque estamos fazendo muita economia. Mais economia que isso,só voltando a usar vela”, descreve Isabel dos Santos, ilha de Gelson.

Resistência começou em Vigário Geral

Os medidores digitais começaram a ser instalados na Baixada Fluminense, nos municípios de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, e também na zona oeste, na Barra da Tijuca. Só depois começaram a funcionar em Vigário Geral e Jardim América. “Aqui que começou a briga, lá na Baixada não houve resistência”, revela o presidente da Associação de Moradores e Amigos de Vigário Geral (Amavig), João Ricardo Serafim. “O seu Gelson é apenas uma das pessoas que teve um super aumento nas contas de luz. Assim como outras pessoas, ele entrou com ação individual contra Light. Desde que ingressamos na justiça, eles não estão mais instalando medidores eletrônicos em Vigário Geral” , explica João Ricardo. Esses medidores também foram instalados em comunidades com Unidades de Polícia Pacificadora (UPP): Santa Marta, Complexo do Alemão, Chapéu Mangueira, Vila Cruzeiro, Caixa D´água, Cantagalo e Rocinha. “Em audiência pública da Light, foi dito que a medição eletrônica é uma tendência nacional, que deve ser implantada em cinco anos”, alertou João Ricardo.

 

Ação do MP quer a volta dos medidores analógicos

O Ministério Público (MP), através de uma ação civil pública, questiona a implantação dos medidores eletrônicos no Estado do Rio de Janeiro. O promotor Carlos Andresano argumenta que o serviço digital não apresenta segurança para os consumidores. Na ação, ele pede que os medidores eletrônicos sejam trocados por relógios antigos. “A gente não quer o atraso, quer o progresso, mas o aparelho precisa corresponder à realidade”, disse. “Documentos comprovaram que houve um aumento expressivo das contas, sem justificativa, e isso serviu de base para a ação”, disse Andresano. Segundo ele, os medidores ainda estão sendo experimentados e a Light precisa apresentar provas de que o sistema é confiável. “A empresa implantou onde acha que não vão reclamar: nas comunidades, na casa da pessoa que mora em um bairro carente. Porque não colocou medidor eletrônico para todo mundo? Na Viera Souto e na Delfim Moreira não tem medidor eletrônico”, aponta o promotor.

Foto: Pablo Vergara

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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