Mobilizações das mulheres em Belo Horizonte

Cinco blocos se concentram em cinco praças da capital e seguem em marcha até se encontrarem em um ato unitário, no Palácio da Justiça, e depois na Praça Sete. Essa […]

Cinco blocos se concentram em cinco praças da capital e seguem em marcha até se encontrarem em um ato unitário, no Palácio da Justiça, e depois na Praça Sete. Essa é a novidade da mobilização no dia 8 de março deste ano, organizada por cerca de 30 organizações de Minas Gerais. Com o tema geral da violência sexista, cada um desses blocos vai discutir uma ramificação específica. Na Praça Rio Branco, o bloco é da luta contra a mercantilização da mulher. Na Raul Soares, a luta é contra a lesbofobia. Na Praça da Estação, o tema é a violência do Estado e na Afonso Arinos o bloco se organiza contra a violência doméstica. Embaixo do viaduto Santa Tereza, concentra o bloco das pretas e nordestinas.

“A gente avaliou que os atos dos outros anos – com marchas na rua – dialogam pouco com que está passando. Por isso este ano vamos priorizar chegar mais perto, começar nas praças, com menos gente, para permitir mais diálogo com as mulheres que estejam passando, para que elas reflitam sobre a vida delas e a gente consiga passar melhor nossa mensagem”, explica Larissa Costa, da Marcha Mundial das Mulheres.

O tema geral da violência sexista foi decidido em conjunto pelas diversas organizações – sindicais, estudantis, partidos e movimentos – que têm se reunido para construir o ato. “Esse tema é sempre muito atual e neste ano aumentou a violência contra a mulher, em Minas e no Brasil. Ao mesmo tempo, vem sendo naturalizada a questão da violência, do estupro e até assassinato de mulheres”, avalia Larissa, expondo como exemplo o julgamento do goleiro Bruno Fernandes, acusado de matar Eliza Samudio, em um caso que não ficou marcado como de violência contra a mulher.

Larissa aponta que é necessário publicizar o tema, já que não vem tendo a prioridade do Estado. “Os mecanismos institucionais não dão conta de toda a demanda”, afirma.

Cerca de 1500 mulheres são esperadas no ato de sexta-feira. A concentração nas praças será às 13h e o encontro no Palácio da Justiça, na avenida Afonso Pena, às 16h.

Acampamento

As mulheres do campo também vêm em caravana para Belo Horizonte, e chegam mais cedo. A partir do dia 6 de março, cerca de 300 mulheres organizadas no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), montam acampamento na praça da Assembleia Legislativa, onde ficam em formação até o dia 8.

Na quarta-feira, farão um debate sobre o papel do Estado, como ele usa a violência e com isso afeta a vida das mulheres, no campo e na cidade. Na quinta, o tema em discussão é a violência doméstica, além dos ataques do Poder Judiciário. Segundo Vânia Maria de Oliveira, da direção estadual do MST, nesse dia também serão discutidos encaminhamentos para o trabalho junto às mulheres que ficaram nos assentamentos e acampamentos.
“O 8 de março se tornou uma cultura no MST, já tem seis anos que fazemos lutas nessa data. Chegamos em um ponto hoje em que as mulheres já se antecipam, procuram a gente pra saber o que vai acontecer”, conta Vânia.

O tema da violência, de acordo com Vânia, se desdobra no campo, incluindo a pauta da reforma agrária e do julgamento do massacre de Felisburgo. “Mas não sai da pauta a violência contra as mulheres”, garante. “As mulheres não podem ficar quietas nessa data. É importante fazer aliança com outras organizações, porque sozinhos não chegamos a lugar nenhum. E essa pauta é coletiva mesmo, a violência atinge a vida das mulheres da classe trabalhadora”, complementa.

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