No Paraná, atingidos por barragens cobram direitos e criticam privatização do Rio Chopim

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) do Paraná vai realizar um seminário na próxima quinta-feira (dia 6), na cidade de Pato Branco (PR), para tratar dos direitos dos ribeirinhos, […]

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) do Paraná vai realizar um seminário na próxima quinta-feira (dia 6), na cidade de Pato Branco (PR), para tratar dos direitos dos ribeirinhos, da legislação ambiental e do endividamento das famílias de agricultores atingidas pelas barragens. O MAB critica ainda a privatização do rio Chopim e espera que em torno de 300 pessoas participem do seminário.

Endividamento

Centenas de famílias na região Sudoeste vêm sofrendo sistematicamente o impacto das mudanças climáticas e das fortes estiagens, mais especificamente na última década. O acúmulo de dívidas, somado a um modelo de produção agrícola que favorece o agronegócio e amplia a descapitalização dos produtores familiares, na opinião dos coordenadores do MAB, contribuíram para que a situação dos atingidos só se agravasse. “A descapitalização, ou seja, a perda gradativa de condições de sobrevivência e de competitividade na agricultura é real. Muitas famílias vendem a criação, maquinário, implementos para saldarem suas dívidas”, informa Robson Fórmica, da coordenação do MAB.

O crédito facilitado também é apontado por Formica como uma das razões do endividamento. “É um dinheiro que só circula, ou seja, passa pelas mãos dos agricultores. Não é diferente do trabalhador da cidade que recebe o salário e sai pagando as contas. Em poucos dias, não tem mais nada. E o agravante é que o agricultor ainda corre o risco de perder a lavoura, seu bem de capital, para as intempéries do clima”, disse.

Ele lembra, ainda, que a saída da juventude das propriedades rurais em busca de outras oportunidades de trabalho está contribuindo para diminuir a renda na agricultura familiar. “Quem está melhor de vida são aquelas famílias que têm idosos, uma vez que a aposentadoria amplia o rendimento delas”, argumenta.

As usinas do rio Chopim

Somente ao longo do rio Chopim, que percorre aproximadamente 12 municípios do Sudoeste paranaense, estão previstos 12 projetos de implantação de usinas hidrelétricas, o que o MAB critica como sendo um processo de privatização dos recursos naturais. Três deles encontram-se mais adiantados e, recentemente, foram autorizadas as licenças-prévias das primeiras obras. O movimento alerta para a dissociação das análises ambiental e social. “Separar os impactos ambientais da problemática social causada pelas barragens é o mesmo que dizer que é possível existir um ambiente sem gente”, aponta Formica. O MAB não concorda também com a visão de que todos as questões ambientais sejam passíveis de mitigação e que os problemas que surgem nessa podem ser driblados com programas específicos. “O que vale para o impacto ambiental não pode ser aplicado aos problemas sociais porque você lida com vidas de pessoas”, conclui.

Confira a programação do seminário:

Seminario Regional em Defesa do Chopim e dos Atingidos Por Barragens

Dia 6 de maio – quinta-feira
Local: Centro de Eventos – Pato Branco 
Início: 9h

Pauta
Mesa 1 (9h):

  • Atual conjuntura do setor elétrico;

  • Situação dos hidrelétricas do rio Chopim;

  • Discussão da pauta;

  • Encaminhamentos

Mesa 2 (10h 45min):

  • Conjuntura da questão ambiental;

  • O código florestal e a disputa de projetos;

  • Propostas;

  • Situação atual da agricultura familiar/camponesa;

  • Questão do endividamento dos agricultores/as familiares/camponeses;

  • Discussão da pauta;

  • Encaminhamentos

Ato de Encerramento (13h 30min)

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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