MAB e Unir discutem questão energética na Amazônia Brasileira
Hoje, dia 20 de março, foi realizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o seminário A Questão Energética na Amazônia Brasileira , em parceria com a Universidade Federal de […]
Publicado 21/03/2013
Hoje, dia 20 de março, foi realizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o seminário A Questão Energética na Amazônia Brasileira , em parceria com a Universidade Federal de Rondônia. Este momento foi marcante para os atingidos, movimentos sociais e trabalhadores, por ter sido realizado dentro da universidade, que é historicamente excludente no Brasil.
Durante a atividade foi exposto e debatido entre atingidos, estudantes, professores, militantes e representantes de outras organizações as consequências do atual modelo energético brasileiro, voltando as discussões para os desdobramentos na Amazônia Brasileira. Os participantes eram oriundos de diferentes regiões da Amazônia, onde há a construção ou projetos de barragens, como Xingu, Madeira, Tocantins, Teles Pires e Tapajós, possibilitando uma análise abrangente do tema.
Além das reflexões e trocas de experiências, a unidade dos trabalhadores foi fortalecida, não só entre aqueles organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens, mas em torno da Plataforma Operária e Camponesa para Energia, sedimentando a aliança entre o campo e a cidade e aprofundando o compromisso de lutar pela criação de um Projeto Energético Popular.
Ficou claro que as projeções levantadas em pesquisas antes e durante a implementação dos projetos sempre subestimam o número de comunidade e famílias atingidas, além dos impactos ambientais. Os casos das usinas no Madeira e da UHE Estreito são elucidativos e indicam que podemos esperar o mesmo nas demais regiões.
Berenice Tourinho, reitora e pesquisadora da Universidade Federal de Rondônia, analisou os resultados de suas pesquisas com os grupos vulneráveis afetados pela UHE Jirau. Estes grupos sofrem consequências gritantes relacionadas ao incremento dos índices de criminalidade, do consumo de drogas, da violência contra as mulheres, do abuso de crianças e tráfico de pessoas, o que está relacionado à desestruturação das famílias atingidas e da não preparação dos municípios receptores das obras. Esta realidade foi confirmada nos relatos decorrentes das diferentes regiões ali representadas.
Os elementos expostos por Donizete Carvalho, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, e Márcia Moreira, do Sindicato dos Urbanitários, mostraram como o modelo energético vigente no país prejudica também os trabalhadores do setor elétrico e dos canteiros de obra, principalmente em um contexto de privatização e terceirização, acarretando maior exploração e perda de seus direitos.
Os estudos apresentados pelo MAB revelam a importância estratégica da energia, de um lado para a soberania de um povo, e de outro para setores do capital financeiro e industrial, como a indústria eletrointensiva para a produção de metais e celulose, mineradoras, empreiteiras e o agro e hidronegócio. Tratam-se de grandes conglomerados que buscam monopolizar os setores em que atuam e a apropriação crescente de novos territórios e da natureza.
Assim, foi possível constatar que os atingidos pelas diferentes obras sofrem sob os interesse dos mesmos atores, como as empresas GDF Suez-Tractbel, Odebrecht, Camargo Corrêa, VALE, ALCOA, dentre outras.