Atingidos por Belo Monte fazem panfletagem em Altamira
Os atingidos por Belo Monte vão fazer uma panfletagem para esclarecer a população de Altamira sobre os impactos dessa obra nessa terça-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente. A atividade […]
Publicado 04/06/2012
Os atingidos por Belo Monte vão fazer uma panfletagem para esclarecer a população de Altamira sobre os impactos dessa obra nessa terça-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente. A atividade faz parte da jornada nacional de lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Via Campesina, que ocorre em várias regiões do país.
Desde o dia 1º de junho, as famílias organizadas em grupos de base do MAB em Altamira vêm realizando assembleias e se mobilizando contra a obra e por direitos. As assembleias ocorreram em diferentes bairros da cidade, todos ameaçados pela barragem de Belo Monte, somando mais de 30 mil pessoas.
Nas assembleias, os atingidos buscam se informar sobre a obra. De acordo com a Norte Energia, responsável pela construção, o plano é remover as famílias em 2014, às vésperas do enchimento do lago previsto para janeiro de 2015. Algumas casas que não vão ser atingidas pelo lago da barragem terão de dar lugar a praças, parques, ciclovias quadras de esportes, deixando entender que a empresa pretende fazer uma limpeza da área escondendo os moradores mais pobres em lotes distantes da cidade.
Além disso, a Norte Energia pretende decidir o valor pago pela casas e o local do reassentamento, o que é uma imposição; os posseiros, a imensa maioria, terão que provar que são donos dos imóveis; inquilino será encaminhado para programa de financiamento de casa junto à Caixa Econômica Federal; e tudo que o morador fizer após o cadastro da empresa não entra na indenização, afirma Claret Fernandes, do MAB.
Moro aqui há mais de 15 anos. Meu marido é doente. Trabalhei varrendo rua muito tempo e consegui fazer uma casinha aqui. No início a gente foi para debaixo do jirau. Depois aumentei a casinha um pouco. Agora chega esse pessoal e impõe o que a empresa quer; a gente é que sabe quanto vale nossa casa e se a gente quer sair ou não. Vamos lutar!, afirmou Rosemira Anselma da Silva, 50, moradora de Boa Esperança.
Segundo dados da Norte Energia, em torno de 5.500 famílias moram nessas áreas ameaçadas pela barragem, em Altamira, mas o MAB estima que o número seja maior.