Costurando direitos: Mulheres do MAB inauguram exposição na Universidade de Brasília

Mostra organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB reúne peças bordadas com técnica de arpillera e fica em cartaz até 17 de novembro

As arpilleras consistem em uma técnica têxtil que surgiu no Chile, com mulheres que criavam imagens a partir de retalhos bordados em telas de tecido para denunciar as atrocidades cometidas pela ditadura de Pinochet. Foto: Mariah Werges / MAB
 As arpilleras consistem em uma técnica têxtil que surgiu no Chile, com mulheres que criavam imagens a partir de retalhos bordados em telas de tecido para denunciar as atrocidades cometidas pela ditadura de Pinochet. Foto: Mariah Werges / MAB

Cada peça conta uma história de luta, resistência e denúncia. Essa é a máxima da Exposição Cultural “Atingidas Costurando Direitos”, inaugurada nesta terça-feira, 17, na UnB, em Brasília (DF). A exposição reúne 20 peças produzidas por mulheres do MAB com a técnica de bordado chamada arpillera (juta, em tradução).

As obras fazem parte de um acervo com cerca de 200 peças que representam a luta e as experiências de populações atingidas das cinco regiões do país, incluindo comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas, trabalhadoras da cidade e do campo. Nesse contexto, os trabalhos das mulheres ressaltam problemas como a contaminação das águas por conta do rompimento de barragens, o risco de novos empreendimentos que vão barrar rios importantes no país e os impactos da privatização da água.

“Somos parte do conjunto das mulheres da classe trabalhadora do Brasil e nos inspiramos no exemplo das mulheres chilenas, que produziam arpilleras para denunciar as opressões sofridas na ditadura de Pinochet nos anos 70. Hoje, as mulheres do MAB utilizam a mesma técnica para dar visibilidade às lutas e reivindicações do Movimento, denunciando os crimes cometidos por grandes empreendimentos em seus territórios”, contou Soniamara Maranho, integrante da coordenação nacional do MAB.

A abertura da mostra, que acontece no ICC Norte do Campus Darcy Ribeiro, contou com a participação de professores, estudantes, representantes de movimentos sociais e de organizações populares e não-governamentais.

Durante a cerimônia de abertura, o professor da UnB, Nino Sobreiro, destacou a importância da exposição para a instituição. “Precisamos que a universidade se encha de pessoas, das suas múltiplas cores, com os seus gostos, com as suas formas de amores, das mais diversas possíveis. Precisamos que isso povoe o cotidiano dos nossos estudantes para que a gente consiga oferecer para a sociedade profissionais que sejam capazes de sentar ao lado das pessoas, olhar em seus olhos e oferecer muito mais do que um produto ou uma mercadoria, mas oferecer soluções respeitosas para que a gente, de fato, promova um desenvolvimento popular, humanizado e democrático para esta sociedade tão carente de tudo isso. Estamos muito felizes em receber vocês. Nós celebramos essa proposta graças à atitude das mulheres, à iniciativa delas e a capacidade de costurar os seus direitos e a reabertura democrática”, disse.

A deputada federal Erika Kokay (PT/DF) também prestigiou a abertura da Exposição. “A luta do MAB nos enche de orgulho e nos enche de disposição de caminharmos juntos e juntas. As mulheres do MAB transformaram coragem tramas feitas de linha. Aqui é uma crônica de uma realidade que atinge as pessoas que são vítimas das barragens em seus territórios. E aqui nós vemos essa crônica tramada com tanta beleza pelas mãos das mulheres. É uma realidade com muita arte, com muita beleza, com muita estética da vida. E nós, que vivemos seis anos uma estética da barbárie, aqui temos a estética da vida para nos organizar em busca de direitos”.

Membro do Coletivo Borda Luta, que existe em Brasília desde 2016, Dirnamara Guimarães, apontou a importância da exposição no atual contexto político do país. “Ficamos muito emocionadas, porque o trabalho do bordado vem sendo construído há muitos anos, não só na casa das mulheres, mas como uma forma de expressão política. É a arte aliada à política”, destacou.

A abertura da Exposição contou ainda com a apresentação cultural do grupo Jatobá. Nesta quinta 18, também aconteceu o Seminário Nacional “Costurando Direitos: os impactos das barragens e mudanças climáticas na vida das mulheres atingidas – realidade e perspectivas”. A atividade foi seguida de um ato político em memória das militantes Flávia Amboss, Débora Moraes, Nicinha, Dilma Ferreira e Berta Cárceres que morreram lutando em defesa dos direitos dos atingidos no país.

A mostra, que ficará aberta ao público até 17 de novembro, é realizada por meio de uma parceria com a Caixa Econômica Federal e o Conselho Nacional do SESI.

Confira a programação completa

23 de outubro a 27 de outubro

23/10 – Aberto ao público

24/10 – Exibição do filme: “Arpilleras: atingidas por barragens bordando a resistência”, 19h. Local: Auditório do Cerrado, CDS

23/10 – Aberto ao público

24/10 – Exibição do filme: “Arpilleras: atingidas por barragens bordando a resistência”, 19h. Local: Auditório do Cerrado CDS

25/10 – Visita Guiada e Oficina Têxtil. Local: Módulo 24, do ICC Norte – sala 01 – Turno: manhã e tarde.

26/10 – Aberto ao público.

27/10 – Aberto ao público

30 de outubro a 03 de novembro

30/10 – Jornada de Extensão e Pesquisa Universitária: UnB e os Atingidos e Atingidas do Brasil. A realidade dos Atingidos por Barragens, 10h às 12h. Local: Auditório do Programa de Pós-graduação em História, ICC Norte, subsolo, módulo 24

30/10 – Exibição do filme “Arpilleras: atingidas por barragens bordando a resistência”, 19h. Local: Auditório do Programa de Pós-graduação em História,  ICC Norte, subsolo, módulo 24

31/10 – Jornada de Extensão e Pesquisa Universitária: UnB e os Atingidos e Atingidas do Brasil. A expressão artística através das Arpilleras e a contribuição da universidade, 10h às 12h. Local: Auditório do Programa de Pós-graduação em História, ICC Norte, subsolo, módulo 24

01/11 – Visita Guiada e Oficina Têxtil. Local: Módulo 24, do ICC Norte sala 01 – Turno: Manhã e tarde  

01/11 – Exibição do filme: “Arpilleras: atingidas por barragens bordando a resistência”, 19h.  Local: a confirmar, veja em @atingidosporbarragens

02/11 – Feriado (fechado) 

03/11 – Fechado

05 de novembro a 10 de novembro

05/11 a 07/11 – Jornada Nacional de lutas – O Brasil Atingido, a extensão universitária e as trocas de saberes para o avanço da garantia de direitos das populações atingidas: Atingidas costurando direitos. Local: Ginásio Nilson Nelson

06/11 – Aberto ao público

07/11 – Aberto ao público

08/11 – Visita Guiada e Oficina Têxtil. As visitas guiadas ocorrerão no local da exposição. Sobre as oficinas, local a confirmar, veja em @atingidosporbarragens

09/11 – Aberto ao público

10/11 – Aberto ao público

13 de novembro a 17 de novembro

13/11 – Aberto ao público

14/11 – Aberto ao público

15/11 – Fechado (feriado)

16/11 – Aberto ao público

17/11 – Desmontagem 

Serviço

O quê: Exposição Cultural “Atingidas Costurando Direitos”

Quando: 17 de outubro a 17 de novembro de 2023

Onde: Campus Darcy Ribeiro, ICC Norte – Ceubinho

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