MAB promove exposição “Arpilleras, bordando a resistência” em Porto Alegre (RS)
Através da arte têxtil, as mulheres do Movimento propõem reflexões sobre violações de direitos humanos relacionadas ao modelo energético brasileiro
Publicado 03/03/2023 - Atualizado 04/03/2023
Entre os dias 06 e 10 de março, o MAB promove, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, uma mostra de bordados composta por um conjunto de 14 telas de arpilleras, peças únicas costuradas por mulheres atingidas por barragens de diferentes estados do Brasil. Cada peça apresenta, de forma criativa e contundente, o testemunho das violações de direitos sofridas pelas autoras nos territórios afetados por barragens de norte a sul do país.
“Através da confecção das arpilleras, com linha e tecidos, as atingidas conseguem expressar aquilo que, muitas vezes, não conseguem traduzir em palavras. Por isso, fazer a exposição na semana do Dia Internacional de Luta das Mulheres é muito importante para nós, porque as arpilleras não carregam só um sentido de denúncia, são também uma semente de organização das mulheres”, afirma Alexania Rossato, integrante do Coletivo de Mulheres do MAB.
Depois da exposição na Assembleia Legislativa, as peças serão expostas na Casa de Cultura Mário Quintana, a partir do dia 16 de março. Além da mostra, o espaço irá sediar rodas de conversas e oficinas com as atingidas, que irão compartilhar a técnica de confecção das arpilleras com o público interessado.
O que são as arpilleras
Arpillera (juta, em espanhol) é uma técnica originária do Chile, na qual se costuram retalhos de tecido sobre juta. Lá, entre os anos 70 e 90, as mulheres utilizaram essa ferramenta para denunciar as atrocidades cometidas pela ditadura de Augusto Pinochet.
Costurando denúncias sobre as memórias dos desaparecidos durante o regime, as mulheres chilenas conseguiram fortalecer o movimento de resistência e dar visibilidade nacional e internacional às violências sofridas no país.
É com essa mesma proposta que mulheres atingidas por barragens no Brasil resgataram a técnica para denunciar violações ambientais, sociais e culturais relacionadas ao modelo energético atualmente adotado no país.
Documentário
A costura como ferramenta de denúncia e empoderamento feminino serviu também como fio narrativo para a construção do documentário intitulado “Arpilleras: atingidas por barragens, bordando a resistência”, que conta as histórias de dez mulheres atingidas por barragens de cinco regiões do Brasil.
Serviço
Exposição “Arpilleras, bordando a resistência”
Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul
6 a 10 de março
De segunda à sexta, das 9h às 18h
Casa de Cultura Mário Quintana
16 de março a 16 de maio
De terça a domingo, das 10h às 20h