Organizações sociais pautam a necessidade de uma transição energética popular na Amazônia

Durante seminário, que integrou a programação dos Diálogos Amazônicos, representantes do MAB e de diferentes organizações populares da região defenderam uma mudança profunda nas estruturas de controle sobre as questões energéticas do país

Seminário reuniu integrantes de movimentos sociais, sindicatos e organizações partidárias da Amazônia. Foto: Roger Braga / MAB

Na tarde do último domingo, 6, a cidade de Belém (PA), sediou o Seminário Nacional “Desafios da Transição Energética Popular na Amazônia”, organizado pela Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia (POCAE). O seminário é uma das atividades do Diálogos Amazônicos, que antecede a programação da Cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que reúne os chefes de Estado dos países amazônicos na capital paraense.

O principal objetivo do evento era questionar o modelo energético em vigor e propor um projeto popular. A mesa contou com as participações de Daniel Gaia (CUT), Padre Dário Bosi (Repam), Guilherme Carvalho (FASE), Elisa Estronioli (MAB), Raimundo Bonfim (CMP), Tito (MST), Maria José (CONAQ), Diva Sousa (MCP), Leila Denise (MPA) e Carlos Augusto (Contag).

Os palestrantes apontaram a necessidade do engajamento da classe trabalhadora na pauta energética. “É necessário que a temática transição energética seja para o povo, para os trabalhadores”, avaliou, Daniel Gaia.


Já Guilherme Carvalho, da FASE, mostrou como a transição energética nos moldes do capital transnacional aprofunda os conflitos socioambientais, em especial na Amazônia, uma vez que promove uma corrida por minerais e outros recursos estratégicos. “A Amazônia não pode ser a soma de sacrifício para resolver os problemas do capital”, afirmou.

Ao final do seminário, foi feita uma síntese dos debates, reunida no documento “Nossa posição frente aos desafios da transição energética popular na Amazônia”. “Lutamos por mudança das fontes fósseis para as renováveis, com menores emissões de gases de efeito estufa, porém, mudar a tecnologia de produção (matriz) é insuficiente. É necessária uma profunda mudança nas injustas estruturas de poder e dominação sobre as questões energéticas, para que tenhamos uma justa reorganização da produção, controle da riqueza nacional e adequada sustentabilidade ambiental”, aponta o documento.

Durante o evento, o MAB também apresentou uma experiência concreta de geração de energia renovável com protagonismo popular, o projeto Veredas Sol e Lares, sediado no Vale do Jequitinhonha (MG). “A ideia desse projeto surgiu por conta do alto valor das tarifas de energia pagas pela população local. Hoje, mais de 5 mil pessoas estão envolvidas nessa iniciativa, principalmente as mulheres, e 1.250 famílias atingidas foram  beneficiadas com redução na conta de luz”, contou Joyce, militante do MAB em Minas Gerais, que apresentou uma maquete do projeto.

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