Atingidos de Congonhas (MG) sofrem com alagamentos, risco de rompimento de barragem e desinformação
Diante de cenário de chuvas intensas, população sofre com medo de rompimento de barragem da CSN. Inundações deixaram centenas de pessoas desabrigadas
Publicado 09/01/2022 - Atualizado 10/01/2022
Ontem (8), o município de Congonhas, que fica a 89 quilômetros da capital Belo Horizonte, sofreu com diversos alagamentos, deslizamentos, enchentes e transbordamento de rios que deixaram pelo menos 138 pessoas ilhadas ou desabrigadas, segundo dados preliminares. De acordo com a Defesa Civil da cidade, o número total pode chegar a 400. Uma notícia de deslizamento na área da barragem Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional, também deixou a população em pânico.
Diante dos contexto, as comunidades da cidade acolheram as famílias atingidas pelas enchentes. Escolas abriram suas portas para receber os desabrigados e a população doou alimentos e roupas. Além disso, dezenas de pessoas, incluindo muitos jovens, prepararam refeições na cozinha da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, para oferecer às pessoas alocadas em alojamentos.
Além dos danos causados pelas inundações, a população está em estado de alerta pelo risco do rompimento da barragem Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), localizada na área urbana do município. A estrutura, que acumula cerca de 103 milhões de metros cúbicos de rejeito de mineração, está localizada a cerca de 250 metros de um dos bairros da cidade e é classificada como de alto risco e dano potencial.
Em caso de rompimento, os moradores do entorno teriam 30 segundos para fugir da morte. Ao todo, a população de Congonhas, de aproximadamente 54 mil habitantes, é cercada por 24 barragens, sendo que 54% têm dano potencial associado considerado alto.
Conforme ativistas e técnicos do grupo ‘A serra é nossa’, ontem houve um deslizamento na área da Casa de Pedra. Na figura acima, a seta verde aponta para uma escada soterrada. A escada teria a função de dissipar a energia da água de chuva que cai no maciço e nas ombreiras. Já a seta laranja aponta que, em pouco tempo, a água causou uma abertura no maciço da barragem – o que indica o perigo que a estrutura oferece.
Diante do fato a CSN publicou uma pequena nota com a seguinte declaração “(…) em função das chuvas intensas (…) ocorreram pequenos escorregamentos em terreno natural. A empresa já está trabalhando nas contenções. (…) A Companhia reafirma que a estrutura permanece segura e estável”.
De acordo com a coordenação do MAB, a CSN omite informações para não ter prejuízos na bolsa de valores, colocando o lucro acima da vida. O Movimento denuncia ainda a completa ausência das mineradoras que exploram a região (Vale, Gerdau, Ferro +) no socorro às famílias atingidas. O MAB defende o apoio da Defesa Civil estadual às autoridades municipais devido à especial situação de vulnerabilidade gerada pelas barragens e, nesse momento, agravada pelas huvas.