Atingidos de Congonhas (MG) que vivem em área de risco cobram medidas do poder público em assembleia

Mais de cinco mil pessoas moram no nível abaixo da barragem da mineradora CSN, que armazena quase 50 milhões de metros cúbicos de rejeito de mineração

Reunião promovida pelo MAB entre atingidos da Casa de Pedra e representantes do poder público em Congonhas

Na quinta-feira, 24, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou uma assembleia com autoridades públicas e atingidos da Barragem Casa de Pedra, de propriedade da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Congonhas (MG). Participaram do encontro representantes da promotoria de justiça e do executivo municipal, além de assessores de vereadores e dos deputados federais Padre João Carlos (PT/MG) e Rogério Correia (PT/MG) e da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT/MG).

Durante o encontro, os atingidos denunciaram o descaso do poder público municipal e da CSN com a insegurança da população que sofre com a falta de informações confiáveis sobre as condições da barragem e com o medo de rompimento durante períodos chuvosos. Com capacidade para armazenar quase 50 milhões de metros cúbicos, a Casa de Pedra é considerada uma das maiores barragens localizadas em áreas urbanas do país.

No começo de janeiro deste ano, houve um vazamento em um dos diques da mina Casa de Pedra e deslizamento de terra na área externa da barragem, o que que provocou paralização da atividade da mineradora e deixou os moradores em estado de alerta.

Segundo os relatos na reunião, muitos atingidos estão abalados emocionalmente e desenvolvendo doenças psíquicas diante dessa situação. Por isso, os moradores esperam uma solução definitiva para o caso das famílias que seguem vivendo na zona de risco do entorno da barragem.

Na mística inicial do encontro, foram exibidos cartazes com os dizeres: “Nem barragem perto de gente nem gente perto de barragem”; “moradia segura direito de todos”; “o bolo cresceu, e agora?”; “Creche Dom Luciano resiste, direito da criança assegurado e creche em local seguro”.

Em sua fala, Eduardo Matozinhos, chefe de gabinete e representante do executivo local, parabenizou o MAB pela assembleia e anunciou a construção de 1000 casas para a realocação dos atingidos, com prioridade para as pessoas em situação de risco.

Ao final da assembleia, o padre Claret Fernandes, da coordenação do MAB reafirmou a importância decisiva de ações de precaução para que não se repitam novos crimes: “não estamos brincando. Há vidas em jogo e faremos tudo para que as autoridades responsáveis pela segurança do povo possam agir pelo princípio da proteção dos moradores”.

O militante lembrou ainda que os gestores públicos não podem transferir sua responsabilidade para a justiça e para as empresas. “As mineradoras geram o problema e precisam assumir o ônus, mas os representantes do executivo eleitos pelo povo são responsáveis pelas políticas públicas capazes de impedir que as empresas sigam colocando a vida dos atingidos em risco”, analisou o coordenador.

A coordenação do MAB ainda reivindicou que a gestão municipal “convoque” a CSN para estar presente em uma reunião com o os moradores em um prazo de até dez dias.

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Atingidos de Congonhas (MG) sofrem com alagamentos, risco de rompimento de barragem e desinformação.

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