Em plena pandemia, mineradoras arriscam a vida de milhares de trabalhadores
Foto: Agência Estado MAB denuncia as mineradoras que colocam em risco a vida dos operários e seus familiares e defende que recursos do Cfem sejam aplicados em benefício do povo. […]
Publicado 26/03/2020
Foto: Agência Estado
MAB denuncia as mineradoras que colocam em risco a vida dos operários e seus familiares e defende que recursos do Cfem sejam aplicados em benefício do povo.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem a público repudiar a irresponsabilidade e desumanidade das mineradoras, que continuam suas atividades em meio à crise mundial do Coronavírus, colocando em risco a saúde dos trabalhadores, de seus familiares e da sociedade em geral.
Em Congonhas, cidade da região central de Minas Gerais, enquanto as autoridades da saúde e outras do mundo inteiro indicam o isolamento social como fator prioritário na busca para amenizar essa grave crise, as mineradoras Vale e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) continuam aglomerando seus funcionários, seja nos ônibus ou nos ambientes de trabalho.
Lembramos também que a costumeira falta de diálogo das mineradoras e a negação de direitos elementares aos atingidos agravam o impacto negativo da pandemia. Entre os casos mais sérios, está a Creche Dom Luciano. Ela funcionava no Bairro Residencial, foi fechada em fevereiro de 2019 por causa da insegurança da barragem Casa de Pedra, da CSN, e até hoje não voltou a funcionar.
Em Mariana e Ouro Preto, a Vale, a Samarco e suas terceirizadas continuam com suas atividades. Elas alegam que algumas ações foram reduzidas e o número de trabalhadores na ativa também, mas o que se vê nas cidades e no distrito de Antônio Pereira são trabalhadores se aglomerando em ponto de ônibus, entrando em ônibus cheios para ir trabalhar, se alimentando em locais com grande aglomeração e voltando para suas casas com medo de transmitir os vírus para seus parentes e para pessoas da comunidade.
Os canais presenciais de atendimento da Vale com a comunidade de Antônio Pereira, ameaçada pelo risco de rompimento da barragem de Doutor, foram suspensos, mas isso só não basta. As mesmas situações ocorrem em Itabira, Barão de Cocais e outras cidades.
É urgente que as mineradoras sejam pressionadas a compreender a situação que Minas Gerais, o Brasil e o mundo vivem e coloquem a vida acima do lucro, paralisando totalmente suas atividades e mantendo o emprego, bem como salários e benefícios de todos os trabalhadores, diretos e terceirizados.
É ainda muito importante denunciar que a Vale demitiu trabalhadores já no início da pandemia, na malha ferroviária em Minas Gerais e no Espírito Santo. Não é possível que a Vale, aproveitando desse momento de grave crise internacional de saúde pública, exponha seus trabalhadores ao desemprego e ao desamparo.
O Movimento questiona, ainda, a timidez ineficaz dos gestores municipais, que se contentam em pedir informações às empresas sobre transporte e utilização comunitária dos ambientes, como restaurante, setor de trabalho, vestiário e etc. A gravidade do momento não comporta essas formalidades. É preciso que se exija a paralização imediata.
Por fim, o Movimento entende que é hora da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais – CFEM ser usado em ações emergenciais a serviço do povo. Somente em Congonhas foram R$284 milhões em 2019, o primeiro município em arrecadação de royalties da mineração do Estado de Minas Gerais e o terceiro de todo o Brasil.
Basta de crimes contra a humanidade! Os rompimentos das barragens da Vale e da Samarco em Mariana e Brumadinho já colocaram às regiões atingidas em situações que dificultam que os atingidos tomem ações de prevenção em relação ao Coronavírus. As pessoas perderam suas fontes de renda e suas condições de acesso à água de qualidade nos municípios ao longo da bacia do Rio Doce e da bacia do Rio Paraopeba.
Nesse momento de pandemia esses dois direitos básicos ainda não garantidos aos atingidos impedem que eles possam lavar as mãos e ter uma renda para manter a si e a suas famílias nesse momento de crise.
Que a sede de lucro nesta pandemia não seja uma nova barragem a romper-se sobre a vida de milhares de pessoas resultado da postura reincidente e criminosa que já destruiu a vida de tantas pessoas.