Atingidos participam de grande mobilização por reconstrução e pelos direitos

47ª Romaria da Terra acontece neste dia 4 de março, em Arroio do Meio, no Vale do Taquari. A cidade sofreu grande destruição nas enchentes de setembro de 2023 e maio de 2024

Mobilização durante a romaria deve cobrar ao Estado e governos celeridade no atendimento das reivindicações dos atingidos pelas enchentes de setembro de 2023 e maio de 2024. Foto: Jorge Leão

Todas as águas do Rio Grande do Sul convergem para o Rio Taquari. É com este espírito que atingidos do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), de várias regiões do estado, participam nesta terça-feira de carnaval (04), de uma grande manifestação em Arroio do Meio: a Romaria da Terra.

Os atingidos da Região Metropolitana, do Alto Uruguai, da Fronteira Noroeste e do Vale do Taquari irão pautar a participação da população na reconstrução das cidades destruídas pela enchente e a garantia de direitos de quem perdeu quase tudo. Esta pauta se soma aos propósitos da Romaria, que pretende levar para a sociedade o debate sobre a crise climática, os efeitos sobre a população e o cuidado com o planeta. Para isso, a região escolhida para sediar a Romaria deste ano não poderia ser mais apropriada.

Nas enchentes de 2023 e 2024, o rio Taquari subiu a patamares nunca antes vistos e a região foi uma das que enfrentou maiores problemas: perda de vidas, perda de moradias, fontes de trabalho e renda, infraestruturas, móveis, plantações, doenças físicas e mentais, insegurança alimentar, abandono e completa indefinição sobre os projetos de vida, falta de informações e orientações seguras, total falta de preparo e apoio dos organismos de Estado, danos ao transporte de pessoas e mercadorias, entre outros.

Durante a Romaria, os militantes do MAB irão denunciar que milhares de famílias atingidas seguem sem moradias. Muitas seguem sem saber se têm direito ou não à uma casa nova ou reformada. Famílias que a casa já foi alagada por quatros vezes, desde setembro de 2023, sequer são consideradas atingidas pelo poder público. A pergunta que os atingidos farão aos romeiros será: E se essa situação fosse com sua casa e com sua família?

O MAB fará a leitura de uma carta denunciando a situação da população atingida, pedindo providências para a pauta de reivindicações já entregue ao poder público e agradecendo todo o apoio que já recebeu desde que as grandes enchentes chegaram para mudar a realidade do estado.

Romarias históricas marcam a luta dos atingidos


Com o mesmo lema que hoje muitos atingidos pelas enchentes se identificam e lutam, em 15 de fevereiro de 1983 aconteceu a 6ª Romaria da Terra. “Águas para a vida, não para a morte” foi o lema que reuniu 40 mil pessoas em Carlos Gomes para fazer a luta contra as grandes barragens no rio Uruguai.

Mais de quatro décadas depois, outra região atingida levanta a bandeira da Romaria, desta vez com o lema “Reconstruir e Cuidar da Casa Comum com Fé, Esperança e Solidariedade”. A 47ª Romaria da Terra do Rio Grande do Sul traz ao debate da sociedade a crise climática, suas consequências sobre a vida das pessoas e o meio ambiente.

A Romaria é organizada pela Comissão Pastoral da Terra Regional, Cáritas Brasileira, Diocese de Santa Cruz do Sul e por movimentos sociais, entre eles o Movimento dos Atingidos por Barragens e o Movimento dos Pequenos Agricultores.

Contato para a Imprensa: Jenifer Tayná – (51) 98494-1181

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