NOTA | Crise climática aumenta os casos de rompimento de barragens

No Brasil, catástrofes ambientais como secas, enchentes, vendavais e deslizamentos afetaram diretamente 5,8 milhões de pessoas em 2023, segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios

Bombeiros tentam resgatar vítimas em enchentes no Rio Grande do Sul (RS). Foto: Lauro Alves/ Secom

A atual crise climática tem levado a eventos extremos e desastres ambientais de grandes proporções em todo o mundo, atingindo todos os continentes. É notório que as pessoas que mais sofrem com estes eventos são os trabalhadores mais pobres, que vivem em áreas de risco, com infraestruturas deficitárias.

Somente no Brasil, os estudos apontam que quase dez milhões de pessoas vivem hoje nestas áreas de risco. Além disso, sucessivos recordes de temperatura tornaram 2023 o ano mais quente já registrado até agora. A crise climática está posta e é sentida por toda a população global, mas não da mesma maneira.

É importante observar que, no último ano, testemunhamos várias situações extremas de enchentes, deslizamentos e secas severas, inclusive na Amazônia. Neste contexto trágico, centenas de pessoas perderam a vida e milhares ficaram desabrigadas ou desalojadas em todo o país.

Seca afeta navegação na Amazônia e fez Rio Madeira ter baixa histórica em outubro de 2023. Foto: reprodução Climainfo

Além dos prejuízos materiais individuais, em vários casos, os eventos extremos resultam ainda em grandes danos na infraestrutura de abastecimento de água, energia, transporte (estradas e pontes) e equipamentos públicos ou comunitários.

No dia 02 de maio de 2024, não resistindo a chuvas torrenciais e enchentes acima da média, a Usina Hidrelétrica (UHE) 14 de julho, localizada na Bacia do Rio Taquari-Antas, em Cotiporã (RS), rompeu parcialmente. Segundo as informações da Companhia Energética Rio das Antas (Ceran), o rompimento ocorreu por conta do aumento da vazão do rio e dos acumulados de chuva nos últimos dias. A potência instalada é de 100 MW. No último levantamento divulgado, em 2022, a estrutura havia gerado 369 mil MW/h.

Assim também ocorreu recentemente o rompimento de uma Barragem na Líbia matando mais de 10 mil pessoas, e, no final de abril de 24, outra represa rompeu no Quênia na África, causando grande destruição e mais de 40 mortes. Esses desastres vão se repetindo e aumentando de volume a cada dia.[

Segundo o Relatório Nacional de Segurança de Barragens, em todo o Brasil, existem mais de 26 mil barragens para diferentes usos, como geração de energia hidrelétrica, contenção de rejeitos, armazenamento de água e etc. A maior parte dessas barragens são estruturas construídas há pelo menos 30 anos, ou seja, não estão adaptadas para eventos extremos, como chuvas e enchentes. Ao mesmo tempo, há 4 mil barragens com alto dano potencial associado, e podem afetar mais de 1 milhão de pessoas. 

O rompimento dessas barragens mostra que elas não estão preparadas ou adaptadas para os eventos climáticos extremos e podem contribuir para agravar a situação dos atingidos. É urgente implementar Políticas Direitos das Populações Atingidas, construir uma política efetiva de segurança para os atingidos, com ampla participação popular e adaptar as cidades à atual crise climática.

Como ajudar os atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul


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