Em audiência pública na ALMG, MAB cobra formulação de política de atenção integral à saúde para atingidos

Segundo estudos da Fiocruz e da UFMG, operação e rompimentos de barragens causam impactos à saúde física e mental dos atingidos, agravam doenças preexistentes e provocam o surgimento de novas

Atingidos cobraram políticas especificas para a saude de populações atingidas. Foto: Fernanda Portes / MAB

Em audiência pública, realizada no último dia 9, na Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, atingidos pelos rompimentos das barragens do Fundão e da mina Córrego do Feijão relataram os diversos problemas de saúde físicos e mentais enfrentados após os crimes.

Nos últimos anos, foram divulgados diferentes relatórios da Universidade Federal de Minas Gerais e da Fiocruz que comprovam a contaminação na água, do solo, do ar e os danos à saúde dos atingidos pelos rompimentos.

Segundo Fernanda Portes, integrante da coordenação do MAB, a lentidão da justiça e a falta de reparação integral e ambiental ainda causa efeitos de curto, médio e longo prazo à saúde coletiva na região do Lago de Três Marias e nas bacias do Rio Doce e Paraopeba. “Por isso, a necessidade de uma política estadual de atenção integral à saúde das populações atingidas por barragens”. Entre as principais demandas dos atingidos que defendem a formulação da lei, está o protocolo de atendimento à saúde da população atingida, com diagnóstico, tratamento adequado e acompanhamento pagos pelo empreendedor que causou os problemas de saúde. 

Na audiência, a promotora do Ministério Público Estadual de Minas Gerais – MPMG, Vanessa Campolina Rebello Horta, defendeu a formulação da política para reparar os danos causados pelos empreendimentos controladores de barragens.

Já Tatiana Rodrigues de Oliveira, moradora de São Joaquim de Bicas e coordenadora regional do MAB, destacou a falta de assistência especializada para os moradores do município. “As pessoas continuam morando próximo ao rio, sob o risco e os efeitos da contaminação. Enquanto isso, o SUS está sobrecarregado e não consegue oferecer um atendimento adequado e específico para a situação”, conta. Por isso, Fernanda explica que, na perspectiva do MAB, a formulação da política de atenção à saúde deve se basear em um debate dos órgãos legislativos com os atingidos que vivenciam a realidade dos territórios, para que a lei tenha aplicabilidade e atenda às necessidades da população de forma imediata.

Hoje, a Política Estadual dos Atingidos por Barragens – PEAB, em vigor no estado de Minas Gerais, já reconhece os impactos causados pelos empreendimentos com barragens, ou crimes, como os de Mariana e Brumadinho, na saúde física e mental dos moradores. Neste contexto, a política prevê um plano de recuperação e desenvolvimento econômico e social, que inclui ações na área da saúde para reparação dos danos causados.

 “A Política Nacional de População Atingida por Barragens – PNAB, que está atualmente em tramitação no Senado, também inclui ações direcionadas à proteção da saúde dos atingidos, mas ambos os mecanismos legais necessitam de uma regulamentação para que sejam, de fato, executados”, afirma Fernanda.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 01/09/2023 por Amélia Gomes

Em ato, atingidos do Rio Doce cobram compromisso de Lula com participação popular em acordo de repactuação

Mobilização reuniu atingidos de 30 cidades da Bacia do Rio Doce, em Governador Valadares, e teve entrega de pauta de reivindicações a representantes do governo

| Publicado 02/06/2023 por Coletivo de Comunicação MAB MG

Atingidos levam reivindicações do MAB para a 10ª Conferência Estadual de Saúde de Minas Gerais

Durante evento, militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) sugeriram políticas de saúde para a melhoria na qualidade de vida das populações atingidas

| Publicado 13/10/2022 por Coletivo de Comunicação MAB ES

Vitória dos atingidos do Vale do Rio Doce: Direito à Assessoria Técnica Independente começa a ser implantada

Sete anos após o crime da Vale, Samarco e BHP no Rio Doce, o direito às assessorias técnicas pactuados nos acordos judiciais e escolhida pelos atingidos em 2018 começará a ser implementado