Caravanas com atingidos e atingidas chegam em Brasília para a Jornada de Lutas do MAB
São 57 ônibus, de 20 regiões do Brasil, com cerca de 2.500 atingidos mobilizados durante três dias na Jornada de Luta do MAB
Publicado 05/11/2023 - Atualizado 06/11/2023
As caravanas com atingidas e atingidos do Brasil chegaram durante todo o sábado (04) em Brasília (DF), para participar da Jornada de Lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). São 57 ônibus que saíram de 20 diferentes estados do país rumo à capital do país, com o intuito de dar visibilidade às principais reivindicações do movimento: reparação, efetivação dos direitos e políticas de proteção social para os atingidos por parte do Estado brasileiro.
As caravanas trouxeram cerca de 2.500 atingidos e atingidas que viajaram de variadas formas para chegar ao destino final. Lúcia Ferreira, que saiu de Macapá (AP), iniciou o traslado no dia 31 de novembro, com uma viagem de barco pelo Rio Amazonas até chegar à capital do Pará, Belém. Então, seguiu de ônibus pela rodovia Belém-Brasília, por dois dias. São 35 barragens presentes no estado do Amapá, a maior parte de rejeitos.
Na visão de Lúcia, toda a extensão dessa caminhada se justifica pela importância da luta dos atingidos e atingidas do Brasil.
“O que nos traz e o que nos move até aqui é o desejo de justiça. Se você não luta pelo seu direito, o poder público não fará isso. Então você precisa lutar muitas vezes, como é o nosso caso do Amapá, que está cheio de barragens e por isso os peixes estão morrendo, a comunidade ribeirinha está sofrendo. Precisamos viajar quilômetros para nos mobilizar e faremos isso quantas vezes for necessário para irmos a Brasília e a outros estados para falar sobre as nossas necessidades”, finaliza a atingida.
A caravana vinda das regiões Tapajós e Xingu (PA), com 55 atingidas e atingidos, demorou 36 horas de viagem. Foi o mesmo tempo que Ana Paula Figueira enfrentou de Porto Alegre (RS) até Brasília. “Nós viajamos porque nossa luta é importante, porque queremos sair daqui vitoriosos. Também acho importante a gente se reunir e conhecer outras regiões”, afirmou Ana Paula.
Tereza Maria saiu no dia 03, às 16h, de Almenara (MG), no Vale de Jequitinhonha, e chegou no dia 04, às 15h. Militante desde o início do MAB, é a atingida pela escassez hídrica e também pela água contaminada pelo lítio. “ O MAB é algo muito importante para minha vida, nossas lutas. Eu só saio do movimento quando eu partir”, declarou.
Edilene Souza veio de Sento Sé (BA) e levou 35 horas na viagem. Para a atingida pela barragem de Sobradinho, os anos de luta precisam ter uma resposta, por isso a importância da Jornada. “ Nós viemos em busca de vitória, viemos em busca de mudanças para o nosso povo”, defendeu.
Se aprovada, a Política Nacional dos Atingidos Por Barragens (PNAB) criará um marco regulatório que estipula direitos dos atingidos e atingidas. O projeto pode ser votado nos próximos dias no Senado. Na próxima segunda-feira (07), vai acontecer um Sessão da Comissão de Serviços de Infraestrutura no Senado Federal, a previsão é que o texto seja aprovado e encaminhado.