Caravanas com atingidos e atingidas chegam em Brasília para a Jornada de Lutas do MAB

São 57 ônibus, de 20 regiões do Brasil, com cerca de 2.500 atingidos mobilizados durante três dias na Jornada de Luta do MAB

As caravanas com atingidas e atingidos do Brasil chegaram durante todo o sábado (04) em Brasília (DF), para participar da Jornada de Lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). São 57 ônibus que saíram de 20 diferentes estados do país rumo à capital do país, com o intuito de dar visibilidade às principais reivindicações do movimento: reparação, efetivação dos direitos e políticas de proteção social para os atingidos por parte do Estado brasileiro.


As caravanas trouxeram cerca de 2.500 atingidos e atingidas que viajaram de variadas formas para chegar ao destino final. Lúcia Ferreira, que saiu de Macapá (AP),  iniciou o traslado no dia 31 de novembro, com uma viagem de barco pelo Rio Amazonas até chegar à capital do Pará, Belém. Então, seguiu de ônibus pela rodovia Belém-Brasília, por dois dias. São 35 barragens presentes no estado do Amapá, a maior parte de rejeitos.

Na visão de Lúcia, toda a extensão dessa caminhada se justifica pela importância da luta dos atingidos e atingidas do Brasil.

“O que nos traz e o que nos move até aqui é o desejo de justiça. Se você não luta pelo seu direito, o poder público não fará isso. Então você precisa lutar muitas vezes, como é o nosso caso do Amapá, que está cheio de barragens e por isso os peixes estão morrendo, a comunidade ribeirinha está sofrendo. Precisamos viajar quilômetros para nos mobilizar  e faremos isso quantas vezes for necessário para irmos a Brasília e a outros estados para falar sobre as nossas necessidades”, finaliza a atingida.   

A caravana vinda das regiões Tapajós e Xingu (PA), com 55 atingidas e atingidos, demorou 36 horas de viagem. Foi o mesmo tempo que Ana Paula Figueira enfrentou de Porto Alegre (RS) até Brasília. “Nós viajamos porque nossa luta é importante, porque queremos sair daqui vitoriosos. Também acho importante a gente se reunir e conhecer outras regiões”, afirmou Ana Paula.

Tereza Maria saiu no dia 03, às 16h, de Almenara (MG), no Vale de Jequitinhonha, e chegou no dia 04, às 15h. Militante desde o início do MAB, é a atingida pela escassez hídrica e também pela água contaminada pelo lítio. “ O MAB é algo muito importante para minha vida, nossas lutas. Eu só saio do movimento quando eu partir”, declarou.

Edilene Souza veio de Sento Sé (BA) e levou 35 horas na viagem. Para a atingida pela barragem de Sobradinho, os anos de luta precisam ter uma resposta, por isso a importância da Jornada. “ Nós viemos em busca de vitória, viemos em busca de mudanças para o nosso povo”, defendeu.

Se aprovada, a Política Nacional dos Atingidos Por Barragens (PNAB) criará um marco regulatório que estipula direitos dos atingidos e atingidas. O projeto  pode ser votado nos próximos dias no Senado. Na próxima segunda-feira (07), vai acontecer um Sessão da Comissão de Serviços de Infraestrutura no Senado Federal, a previsão é que o texto seja aprovado e encaminhado. 

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