NOTA | Um ano sem Débora Moraes: basta de feminicídios!
Coordenadora do MAB no Rio Grande do Sul, Débora era mãe de uma criança de 7 anos e militante dedicada à luta por justiça social
Publicado 12/09/2023 - Atualizado 12/09/2023
Há um ano, recebemos um duro golpe: no dia 12 de setembro de 2022, nossa companheira Débora Moraes foi assassinada pelo seu marido, em sua casa na Vila dos Herdeiros, no bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre (RS).
Débora integrava a coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Porto Alegre. Era uma mulher jovem, mãe, alegre, aguerrida e comprometida com a luta por justiça para dezenas de famílias que moravam no entorno da barragem da Lomba do Sabão.
Sabemos que o patriarcado se estrutura como um sistema de dominação das mulheres e se reproduz por meio da violência, que tirou a vida da nossa companheira e que, todos os dias, tira a vida de muitas mulheres. Em 2022, o Brasil bateu recorde de feminicídios: 1,4 mil mulheres perderam a vida nesse tipo de situação.
A cada seis horas, uma mulher é morta pelo companheiro ou ex-companheiro, o que, infelizmente, coloca Brasil no topo da lista mundial desse tipo de violência, que, no início, pode ser sutil, silenciosa, cheia de dor e de marcas escondidas. Um dia, ela alcança a forma mais cruel, dolorosa e desumana: a morte.
O assassino de Débora foi preso em flagrante e está respondendo processo criminal perante a 4ª Vara do Júri de Porto Alegre. As provas testemunhais e periciais produzidas no processo deixam claro o cometimento do crime de feminicídio qualificado pelo réu, que deve ser pronunciado e levado ao Tribunal do Júri.
Durante este ano sem Débora, mesmo sentindo dor e revolta, não nos silenciamos, continuamos sua luta pelos direitos dos atingidos por barragens e levantamos nossas vozes pelo fim da violência contra as mulheres dizendo “basta ao feminicídio”.
Seguimos em luta por Débora, Dilma, Nicinha, Bertha, Marielle, Dorothy, Flávia e tantas outras companheiras cuja força nos inspira a continuar. Assim como os rios, que crescem quando se juntam, nós mulheres atingidas, reunimos nossas resistências em cada grupo de famílias, comunidade, reassentamento, periferia e reafirmamos que a nossa luta é pela vida das mulheres.