NOTA | MAB repudia a privatização da CORSAN

Governo do Rio Grande do Sul entrega gestão da água do estado à Agega, única candidata no leilão, antes de conclusão de auditoria especial no processo

Presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) autorizou, através de um canetaço, a assinatura do contrato de venda da Corsan apesar do processo em andamento sobre o caso. Foto: Divulgação/Corsan

Nós, do Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB), viemos a público repudiar veementemente a assinatura do contrato de venda da CORSAN pelo governador Eduardo Leite, na última sexta-feira, 7.

A privatização da água dos gaúchos aconteceu em um processo cheio de irregularidades com manobras do governo do estado, conforme inúmeras denúncias do Sindiágua/RS. A subvalorização da Companhia (vendida a R$ 4,151 milhões), possíveis informações privilegiadas fornecidas à empresa que arrematou a Corsan e o sigilo do processo envolvendo sua venda são alguns dos indícios de que o intuito da atual gestão era entregar a companhia a qualquer custo, sem levar em conta os interesses da população.

Considerando que está em curso no nosso país um rápido processo de desmonte das companhias públicas de abastecimento com a entrega da nossa água ao capital internacional e que corremos o risco de enfrentar problemas seríssimos, como o aumento das tarifas, prejudicando os mais pobres, a perda da qualidade do serviço, a desvalorização dos trabalhadores e a perda da soberania, nós, do MAB, condenamos a venda da CORSAN!  

Se não bastasse a atitude inconsequente do governador, a decisão do presidente do Tribunal de Contas do Estado de suspender a liminar que impedia a assinatura do contrato de venda da CORSAN foi mais um golpe e interrompeu o correto andamento de uma Auditoria Especial que cumpria seu papel de proteger o patrimônio do Estado.

Nos solidarizamos também com o Sindiágua/RS, que bravamente lutou para que a CORSAN não fosse desmontada, para interromper o processo da privatização, para que os trabalhadores e a população se envolvessem nas manifestações e para que os deputados instalassem uma CPI na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Frente a esta longa história na defesa da água pública, nós, atingidos por barragens, consideramos que o Sindiágua/RS tem, sim, legitimidade para defender os interesses da população gaúcha no caso da privatização da CORSAN, contrariando o entendimento do desembargador relator do Tribunal de Justiça, que indeferiu o mandado de segurança impetrado pelo Sindicato.

Nós, atingidos por barragens, seguiremos em luta junto às demais organizações populares do estado e junto ao Sindiágua/RS na esperança de reverter esse quadro desastroso, no qual nos colocaram o governador Eduardo Leite e seus subordinados. Esperamos que no próximo dia 18 de julho, a 1ª Câmara do Tribunal de Contas do Estado julgue a auditoria especial sem intervenções externas e que tal julgamento anule o leilão da nossa empresa pública de saneamento.

Nossa água não se vende, nossa água se defende!

Água e energia não são mercadorias!

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