Atingidas de Jequié (BA) entregam pauta de reivindicações à Prefeitura exigindo reparação dos danos causados pelas enchentes no município

Nos anos de 2021 e 2022, a abertura de comportas da Usina da Pedra, da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), causou inundações em diversas cidades do sudoeste da Bahia, atingindo milhares de moradores

Na última sexta-feira, 30, atingidas de Jequié (BA) organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) entregaram ao prefeito do município, Zenildo Santana (PP), a pauta prioritária das comunidades atingidas pelas enchentes e abertura das comportas da Usina da Pedra, de responsabilidade da CHESF, que ocorreu em dezembro de 2022.

Desde a ocorrência das enchentes em dezembro do ano anterior (2021), os atingidos organizados no MAB cobram das autoridades locais e da empresa responsável medidas de reparação para além das ações emergenciais. Ao longo desse período, foram realizadas audiências públicas, reuniões com a Defesa Civil e com secretarias dos governos estadual e municipal, além de solicitações de audiências com a prefeitura e com a administração da CHESF – até hoje não atendidas. Além disso, houve a entrega de uma carta de reivindicações ao governador do estado, Jerônimo Rodrigues (PT), e ao Ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), porém, o Movimento e a comunidade não obtiveram retorno até o momento.

Maratania Pereira, atingida organizada no MAB, relata a dificuldade que as famílias têm enfrentado para conseguir estabelecer diálogo com a Prefeitura.

“O prefeito nunca atendeu a gente. Só conseguimos falar quando abordamos ele na porta de uma rádio. Pra ele, o problema ou é da CHESF, ou da Caixa Econômica (responsável pela construção das casas dos residenciais atingidos), ou do governo estadual. Questionei sobre a festa de São João de milhões que ele fez, tudo com orçamento próprio, mas nunca fez nada pela a gente”, afirma.

Leia também: ATINGIDOS DE JEQUIÉ (BA) COBRAM RESPOSTAS DA CHESF APÓS ENCHENTES DE DEZEMBRO

Segundo a coordenação do MAB, ainda hoje se fazem necessárias medidas de reparação no território, como a distribuição de cestas básicas, botijões de gás, móveis e eletrodomésticos, suspensão da cobrança e revogação das dívidas relativas às tarifas de IPTU. Além disso, é preciso ser feita a limpeza das ruas, rio e bueiros dos bairros atingidos, entre outras ações de estruturação que, segundo o Movimento, deveriam ser coordenadas pela organização dos atingidos em conjunto com a administração municipal. “Além de repor os móveis das famílias que perderam tudo, precisamos reformar as casas que foram extremamente prejudicadas e tiveram sua estrutura e parte elétrica afetadas”, defende Maratania.

Com a iminência de novos eventos climáticos extremos, as famílias atingidas vivem sob o medo constante de que a catástrofe se repita. Por isso, além das medidas de reparação, é necessário se investir em políticas habitacionais para evitar novos desastres. Para Cleidiane Barreto, coordenadora do MAB na Bahia, é necessário que a Prefeitura haja com celeridade sobre a pauta.

“Há uma negligência da Prefeitura em relação à realidade dos atingidos. A essa altura do ano, medidas já deveriam ter sido tomadas para garantir a segurança das famílias no próximo período de chuvas. No cenário que vivemos de mudanças climáticas e recorrência de eventos extremos, é muito provável que volte a acontecer no final desse ano a situação que se repetiu em 2021 e 2022. É a tragédia anunciada”, aponta Cleidiane.

Nos residenciais Mandacaru 1 e 2, Vida Jequié, Beira Rio e no bairro Joaquim Romão, os atingidos apontam a segurança como um ponto central da pauta de reivindicações. Para os moradores, é urgente a constituição e aplicação de um plano de capacitação de segurança e proteção das populações e comunidades à jusante da barragem, Além disso o MAB defende a criação de uma mesa de diálogo com a CHESF para tratar da abertura das comportas da UHE Pedra, com a participação da Prefeitura, Casa Civil, Defesa Civil, MAB, Defensoria Pública Estadual e Ministério Público Estadual.

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