Em Dia Mundial da Água, MAB realiza seminário na Câmara dos Deputados, lança livro e promove atos em todo o país

Em seminário promovido por MAB e Plataforma Operária e Camponesa de Água e Energia, organizações defenderam a água e o saneamento como direitos fundamentais que não podem ser tratados como mercadoria

Na manhã de hoje (22), aconteceu na Câmara dos Deputados, o lançamento do livro “Mercantilização da Água: Análise da Privatização do Saneamento de Teresina (PI)”, da autora Dalila Calisto, coordenadora do MAB. O lançamento fez parte da programação do Seminário: Perspectivas da Luta da Água no Brasil, que contou com a participação do ativista Leonardo Boff, responsável pelo prefácio do livro. Segundo Dalila, lançar a obra no Dia Mundial da Água, em Brasília, em um momento em que o Brasil começa a refazer um novo caminho democrático, foi muito importante do ponto de vista social, político e simbólico.

O Seminário “Perspectivas da Luta da Água no Brasil” contou com presença de ativistas, parlamentares e representantes de diversas organizações sociais. Foto: Gabrielle Sodré / MAB

A publicação faz parte da Coletânea “Água, Energia e Sociedade”, uma parceria entre o MAB e a Editora Expressão Popular e conta com a contribuição da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU).  A proposta do livro é discutir a posição do Brasil na disputa geopolítica da água por parte do capital internacional.

“O Brasil concentra não só a maior reserva de água potável no mundo, mas também a maior infraestrutura de saneamento pública que existe em todo o planeta. Por isso, nesse momento de crise do capital, o que vemos é o Brasil no centro de uma disputa em torno da água e, também, da estrutura pública de captação, saneamento e distribuição”.

Dalila Calisto 

Dalila é descendente dos povos indígenas Jaguaribaras e Tapuias, atingida pela barragem Castanhão, no Ceará, militante do MAB, pedagoga, especialista em Energia e Sociedade (UFRJ) e mestra em Geografia (UNESP). Um dos objetivos da criação da coleção Água e Energia é dar voz e visibilidade para pesquisadores da militância que entraram para a academia para aprofundar as discussões em torno dos direitos humanos a partir da perspectiva do modelo energético e hídrico brasileiro.

Em sua fala, Leonardo Boff criticou a tendência de privatização da água e defendeu a universalização do acesso. “Há milhões de pessoas que passam sede em todo o planeta. São seis milhões de crianças que morrem por ano por falta ou contaminação da água no mundo e o Brasil é uma grande potência das águas. Precisamos desenvolver uma cultura para que essa água possa chegar a todos os brasileiros”, afirmou o pensador.

“Água é pra vida e não pro lucro. Devemos combater a privatização da água, porque ela é um bem vital, essencial, comum e insubstituível”.

Leonardo Boff

O lançamento contou com a presença de representantes do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MDR), Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e da Secretaria Geral da Presidência da República, assim como da UNESP e de organizações sociais como o MST, a editora Expressão Popular, a FNU, a CNU, a FRUSE, a ASEF a  AEEL, a CNTE, o MPA, o MCP, a International Rivers, a ONDAS, o Instituto Ilumina, o Inesc, a CLAU, a Coalizão pelos Rios, a CMP, a FUP, a FBOMS, a CUT, a CNE, a Sinergia SC e a STIU DF.

Entre os parlamentares, estiveram presentes Erika Kokay (PT-DF), Célia Xakriabá (PSOL-MG), Patrus Ananias (PT-MG), Guilherme Boulos (PSOL-SP), Maria do Rosário (PT-RS), Elvino Bohn Gass (PT-RS), Benedita da Silva (PT-RJ), Chico Alencar (PSOL-RJ), Tarcísio Motta (PSOL-RJ), Jilmar Tatto (PT-SP), Reimont (PT-RJ), Dimas Gadelha (PT-RJ), Juliana Cardoso (PT-SP), Airton Faleiro (PT-PA), Dandara Tonantzin (PT-MG), Miguel Angelo (PT-MG), Luiz Couto (PT-PB), Alexandre Lindenmeyer (PT-RS), Gabriel Magno (PT-DF), Denise Pessoa (PT-RS) e Elton Welter (PT-PR)

Militância do MAB se mobiliza em diferentes atos pelo país

Durante o dia, os militantes do MAB também proveram atos, encontros e fóruns em diferentes cidades do país  para denunciar a privatização de companhias de saneamento e discutir temas como segurança hídrica e universalização do acesso à água.

Em Porto Velho (RO), atingidos se reuniram no Encontro Estadual dos Atingidos, protocolam uma pauta de reivindicações no Ministério Público Federal (MPF) e ocuparam a superintendência do IBAMA para cobrar o indeferimento imediato da UHE Tabajara, projetada para o Rio Machado.

Em Porto Alegre (RS), aconteceu o Fórum Popular em Defesa da Água. A atividade contou com a participação de diversas entidades sindicais e movimentos sociais, além de parlamentares estaduais e municipais, que se reuniram em frente à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A proposta era reforçar a luta contra a privatização do saneamento no estado. Também foram debatidas pautas como a reestatização da Companhia Riograndense de Saneamento e as denúncias da ilegitimidade das ações que sustentam os processos de privatização das empresas do setor.

Em Macapá (AP), o MAB, o Levante Popular da Juventude, a Juventude Manifesta, o Sindicato dos Urbanitários e lideranças de bairros estiveram em frente ao Prédio da CSA/Equatorial para denunciar a precariedade do abastecimento de água na capital.

Em São Paulo (SP), o MAB realizou um ato em frente à Assembleia Legislativa (ALESP), em conjunto com diversos movimentos e organizações para protestar contra a privatização da SABESP defendida pelo governador Tarcísio Freitas.

Militantes do MAB rumo a ato em Macapá. Foto: MAB

No Pará, aconteceu o Encontro de Mulheres do Baixo Tocantins com o lema “Banzeiros das atingidas do Baixo Tocantins: Em defesa das Águas e da Vida”. O evento tinha como objetivo denunciar a violação de direitos das mulheres atingidas que fazem resistência a projetos de morte, como a construção da Hidrovia Tocantins-Araguaia. O encontro aconteceu após uma barqueata que saiu da Vila de Carapajó, em Cametá (PA), com destino à comunidade Praticaia. Na ocasião, também foi relembrada a morte da militante do MAB, Dilma Ferreira, atingida por Tucuruí e assassinada há quatro anos por conta da sua luta em defesa da Amazônia.

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