8M: atingidas de todo o Brasil vão para as ruas lutar pela proteção da vida das mulheres, por democracia e direito ao território

Em evento em Brasília, o presidente Lula anunciou um pacote de medidas voltadas para a igualdade salarial e o combate à violência contra as mulheres

Mulheres Atingidas participaram do ato Mulheres em Defesa da Vida Por Democracia e Direitos, em Belém (PA). Foto: MAB / PA 

Nesse 8 de março, que marca o Dia Internacional de Luta das Mulheres, as atingidas por barragens organizadas no MAB foram às ruas em cidades de todo o Brasil junto a outros movimentos sociais e organizações feministas para reafirmarem a luta pela vida das mulheres.  

As manifestações também ressaltaram pautas como “o direito ao território”,  “a luta contra o fascismo e pela democracia”, “pelo fim da fome” e “contra a anistia para golpistas”.

Mulheres atingidas se reuniram em plenária no Dia de Luta das Mulheres em Vitória (ES). Em ato, pediram justiça para a militante Flávia Amboss, assassinada em Aracruz (ES), em novembro de 2022. Foto: MAB / ES

Em Vitória (RS), a Jornada de Lutas foi marcada também por atos em que as mulheres pediram justiça para a militante do MAB, Flávia Amboss, morta a tiros nos ataques que aconteceram nas escolas em Aracruz (ES), em novembro de 2022. Já em Porto Alegre, atingidas prestaram homenagem à Debora Moraes, coordenadora do MAB, que foi vítima de feminicídio em setembro de 2022, e pediram o fim da violência contra as mulheres.  

Em Belém (PA), a jovem militante do MAB, Amanda Paulino, ressaltou a memória de outras mulheres que morreram na luta pela democracia e fez um apelo por proteção da vida das mulheres.

“Queremos ficar vivas. Chega de feminicídio. Gritamos em defesa da democracia e em defesa da Amazônia! Nós, mulheres atingidas, nos somamos nessa luta por Dilma Ferreira, Nicinha, Flávia Amboss, Berta Cáceres, Marielle e tantas outras companheiras que se foram na luta”.

Governo Lula anuncia pacote de medidas para proteção das mulheres

Em 2022, o Governo Bolsonaro havia cortado R$ 89 milhões da verba de combate à violência contra a mulher. Por isso, uma das reivindicações das mulheres que saíram às ruas neste 8M é a retomada das políticas públicas de proteção às mulheres que foram abandonadas na última gestão.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado da peimeira-dama Janja Lula da Silva, da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves e de outras ministras, anuncia ações no Dia Internacional das Mulheres. Foto: Ricardo Stuckert

Neste sentido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta quarta-feira, um pacote de medidas com foco na igualdade salarial, combate à violência contra as mulheres e iniciativas de assistência social para aquelas que estão em situação de vulnerabilidade. Uma das principais medidas divulgadas é um projeto de lei que visa garantir igualdade salarial para homens e mulheres que exercem a mesma função e irá elevar o custo de multa aplicada àqueles empregadores que descumprirem a ordem de paridade.

Durante o evento, Lula também se dirigiu ao Congresso Nacional pedindo apoio para que o país possa aderir à Convenção sobre a Eliminação da Violência e do Assédio no Mundo do Trabalho, da Organização do Trabalho (OIT).

Mostras de arpilleras denunciam violências contra atingidas  

Em cidades como São Paulo (SP), Santa Maria da Vitória (BA) e Porto Alegre (RS), as atingidas também organizaram exposições coletivas de arpilleras: telas bordadas por mulheres de todo o país com a temática da violação dos direitos humanos no modelo energético brasileiro. A técnica, que nasceu no Chile na década de 70 para denunciar violações cometidas na ditadura Pinochet, é hoje utilizada por atingidas por barragens para dar visibilidade à luta das mulheres que sofrem diferentes tipos de violências em seus territórios.

Na capital gaúcha, a mostra está ocupando a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul com 14 telas de atingidas. Em São Paulo, a exposição acontece na Assembleia Legislativa de São Paulo e, na Bahia, as telas ocupam a Universidade Federal do Oeste da Bahia.

Lucielle Sousa, que é militante do MAB em Itaituba (PA), explica que, através da técnica das arpilleras, o bordado se transformou em uma ferramenta de educação popular e passou a fazer parte da dinâmica de acolhimento e organização das atingidas em todo o país. “O importante quando a gente reproduz a técnica é manter o sentido político dela, denunciando as violações. Ai dentro dessa temática da violação de direitos, existem vários eixos, tem a violência contra a mulher, tem o patriarcado, tem a mulher em busca por direitos, moradia, água, saneamento, energia, tem várias questões”, explica a militante.

Piauí realiza Feira Feminista da Soberania Alimentar

Feira aconteceu na Casa dos Movimentos Sociais, inaugurada em Teresina (PI). Foto: MAB

A programação da Jornada de Luta das Mulheres também incluiu eventos como o Acampamento Feminista 8M, na capital Teresina (PI), onde aconteceu I Feira Feminista da Soberania Alimentar. A proposta era valorizar o trabalho das mulheres que são produtoras rurais no estado e promover o debate sobre políticas e direitos das mulheres. Neste contexto, foram discutidas questões como a luta contra o agronegócio, a fome e a violência doméstica.

Plataforma Operária e Camponesa de Água e Energia – POCAE lança carta “Pela Vida das Mulheres, por Democracia e por Direitos”

Neste 8 de março, as mulheres da POCAE lançaram uma carta em que manifestam suas opiniões sobre o atual momento histórico, apresentam suas reivindicações e conclamam todas as companheiras a se mobilizarem no Dia Internacional de Luta das Mulheres.

Leia aqui a carta completa.

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