Lindaura Prates: Os atingidos pela lama de Brumadinho pedem justiça

4 anos após rompimento da Mina do Córrego do Feijão, atingidos relatam que impactos do crime aumentam a cada ano de impunidade

A moradora Lindaura Pereira, de São Joaquim de Bicas. Foto: Joka Madruga

Lindaura Prates Pereira, 56, ´é moradora de São Joaquim de Bicas (MG). Ela foi atingida pela lama da Barragem B1, da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho há quatro anos. Na época, o rejeito contaminou a Bacia do Rio Paraopebas, que passa a 250 metros da comunidade rural Fhemig, onde ela vive. “Moro aqui desde 2013. Viemos pra cá por causa desse rio, para o meu marido pescar. Hoje, não conseguimos mais ter uma vida saudável. Aqui tudo era plantação e hoje a gente só vê rejeito por todo lado”, conta a moradora.

Os moradores da comunidade, conjunto de mais de 50 domicílios rurais, enfrentam ainda hoje dificuldades de acesso à água. O rio, que servia para pesca e uso recreativo de crianças e adolescente e para uso nas plantações ficou inutilizado. “Eu mesma tenho 3 mil metros de plantação que está debaixo do rejeito. Só sobraram minhas frutas, mas também estão morrendo, pé de lichia, jabuticaba, caíram no chão. O milho e o feijão não tem mais como plantar”.

Acesso à água potável é uma das principais reivindicações da comunidade. Foto: Joka Madruga

Além disso, por recomendação da própria Vale S/A, mineradora responsável pelo rejeito, o uso de cisternas que abasteciam o local foi suspenso. Segundo a comunidade, o trabalho, a higiene e alimentação foram prejudicados a partir de então. Alguns adolescentes desenvolveram quadros de depressão e houve até uma tentativa de suicídio.

Água distribuída para a comunidade não é suficiente para consumo e uso nas propriedades rurais. Foto: Joka Madruga


“Além de não poder mais produzir, tem a questão d a água contaminada, que deixou muita gente doente. A gente tem muitos vizinhos com doença de pele. tem gente com depressão, tentativas de suicídio. Antes aqui a gente tinha uma vida saudável. O que eu queria era poder ter uma vida saudável de novo”, conta Lindaura

Conteúdo relacionado
| Publicado 26/01/2023 por Coletivo Nacional de Comunicação do MAB

Michelle Rocha: os atingidos pela lama de Brumadinho pedem justiça

Na Colônia de Santa Izabel (distrito de Betim – MG), moradores são “revitimizados” pela Vale com enchentes que trazem a lama da mineração de volta pra dentro das casas dos atingidos, 4 anos depois do rompimento da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho

| Publicado 19/03/2023 por Coletivo de Comunicação MAB RS

Seminário debate regulação de atuação de empresas nacionais e transnacionais para coibir violações de direitos humanos contra a população

Evento foi organizado pelo MAB, CUT, Homa, Amigas da Terra e outras organizações sociais em Brasília (DF) e contou com participação do ministro dos direitos humanos, Sílvio de Almeida, parlamentares e representantes de movimentos sociais