Lindaura Prates: Os atingidos pela lama de Brumadinho pedem justiça
4 anos após rompimento da Mina do Córrego do Feijão, atingidos relatam que impactos do crime aumentam a cada ano de impunidade
Publicado 25/01/2023 - Atualizado 26/01/2023
Lindaura Prates Pereira, 56, ´é moradora de São Joaquim de Bicas (MG). Ela foi atingida pela lama da Barragem B1, da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho há quatro anos. Na época, o rejeito contaminou a Bacia do Rio Paraopebas, que passa a 250 metros da comunidade rural Fhemig, onde ela vive. “Moro aqui desde 2013. Viemos pra cá por causa desse rio, para o meu marido pescar. Hoje, não conseguimos mais ter uma vida saudável. Aqui tudo era plantação e hoje a gente só vê rejeito por todo lado”, conta a moradora.
Os moradores da comunidade, conjunto de mais de 50 domicílios rurais, enfrentam ainda hoje dificuldades de acesso à água. O rio, que servia para pesca e uso recreativo de crianças e adolescente e para uso nas plantações ficou inutilizado. “Eu mesma tenho 3 mil metros de plantação que está debaixo do rejeito. Só sobraram minhas frutas, mas também estão morrendo, pé de lichia, jabuticaba, caíram no chão. O milho e o feijão não tem mais como plantar”.
Além disso, por recomendação da própria Vale S/A, mineradora responsável pelo rejeito, o uso de cisternas que abasteciam o local foi suspenso. Segundo a comunidade, o trabalho, a higiene e alimentação foram prejudicados a partir de então. Alguns adolescentes desenvolveram quadros de depressão e houve até uma tentativa de suicídio.
“Além de não poder mais produzir, tem a questão d a água contaminada, que deixou muita gente doente. A gente tem muitos vizinhos com doença de pele. tem gente com depressão, tentativas de suicídio. Antes aqui a gente tinha uma vida saudável. O que eu queria era poder ter uma vida saudável de novo”, conta Lindaura