MAB repudia racismo em shoppings de Minas Gerais

Relatos de adolescentes impedidos de adentrarem espaços comerciais têm crescido na capital mineira

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) manifesta solidariedade às famílias de adolescentes negros de Minas Gerais que têm sido sistematicamente discriminados por grandes shoppings na grande Belo Horizonte (MG). A cada dia, os relatos sobre o racismo divulgados na imprensa e denunciados às autoridades se multiplicam, reforçando estigmas e produzindo traumas nos envolvidos.

Na mais recente violação, três adolescentes negros, de 14, 15 e 16 anos, foram impedidos de entrar no Shopping Del Rey, na região Noroeste de Belo Horizonte, no último fim de semana. A alegação do estabelecimento é que existiria uma liminar permitindo a proibição da entrada de menores desacompanhados. Segundo a mãe de um dos garotos, uma contadora nascida em Angola, entretanto, era possível ver adolescentes brancos entrando sem qualquer problema no shopping no mesmo dia.

“Quando eu cheguei aqui no Brasil, aconteceu isso comigo. Tentei ir a um estabelecimento e não deixaram. Quase 20 anos depois nada mudou”, lamenta a angolana.

A denúncia de racismo no shopping da capital mineira aconteceu exatamente uma semana depois do Itaú Power Shopping, em Contagem, na região metropolitana, registrar confusões após um “rolezinho” marcado por jovens na internet. Na ocasião, houve correria, adolescentes sendo retirados por seguranças do centro de compras, lojas que baixaram as portas mais cedo e, até mesmo, brigas entre os menores, já do lado de fora.

Prática já acontece há pelo menos cinco anos em BH

Pai de duas crianças, de 7 e 8 anos, e de um adolescente de 14, o auxiliar de serviço Douglas Roberto da Silva, de 45 anos, conta para o Jornal O Tempo que acompanha a polêmica envolvendo os chamados “rolezinhos” desde quando surgiu o movimento, em São Paulo (SP). Segundo ele, há pelo menos 5 anos, a prática de barrar os adolescentes é comum em praticamente todos os estabelecimentos da região metropolitana da capital mineira.

É preciso denunciar tais práticas que contam, muitas vezes, com a conivência do Poder Judiciário e da Polícia Militar. É racismo estrutural, herança plantada no DNA da sociedade brasileira fundada na escravidão de seres humanos negros de cor preta e parda.

Os atingidos e atingidas reafirmam seu compromisso com a luta antirracista, um dos pilares da luta anticapitalista e antifascista e conclamam a sociedade a não normalizar tais situações que envergonham e indignam os que lutam por direitos. Não há democracia onde há racismo e esta deve ser nossa pauta inegociável.

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