Nota dos povos amazônicos em defesa dos territórios indígenas do Rio Grande do Sul

Não à privatização das barragens da Companhia Estatual de Energia Elétrica – (CEEE – G)

Abertura do X Fórum Social Pan-Amazônico – FOSPA. Foto: Gabrielle Sodré/MAB

Nós, povos indígenas, tradicionais e ribeirinhos reunidos em Belém (PA) entre os dias 27 e 28 de julho para o II Encontro dos Atingidos e Atingidas por Barragens da Amazônia, tomamos conhecimento pela imprensa de que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul se mostrou incompetente na gestão dos territórios indígenas e agora quer privatizá-los junto a 14 hidrelétricas através do leilão da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE – G).

Essa situação nos revolta especialmente porque, entre os interessados na compra dos territórios dos nossos parentes, se apresentam empresas privadas que não possuem capacidade de gestão de barragens, principalmente no que diz respeito à criação de um ambiente seguro e saudável para os povos indígenas que residem no entorno desses lagos.

Nós, povos da Amazônia, sobretudo os povos indígenas, que resistimos há mais de 500 anos à violência e ao extermínio, exigimos que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul seja responsável e suspenda imediatamente o leilão da CEEE – G e esse violento ataque aos nossos parentes Ka’aguy Poty, Mbyá Guarani e Kaingang.

Aqui na Amazônia fazemos lutas grandiosas contra a ameaça do garimpo, da exploração madeireira e das grandes barragens. Fazemos lutas grandiosas contra o extermínio e pela demarcação de nossas terras. Neste momento, sentimos a dor de nossos parentes do sul, que, já quase sem terras, sofrem mais esta ameaça e o risco de ficarem à mercê de grandes empresas privadas, tal como acontece com tantos povos daqui, que sequer são reconhecidos como atingidos.

Nossa luta é uma só. A luta dos parentes do sul se soma à nossa e, juntos, seguiremos resistindo! Dizemos não à privatização da CEEE – G e exigimos do Governo do Rio Grande do Sul a imediata suspensão do leilão das barragens.

Assinam:

Valdemar Poxo Munduruku (Povo Munduruku), Cacique da Aldeia Poxo Muybu – TI Sawre MuyBu (Tapajós)

Amarildo Macuxi (Povo Macuxi), liderança da T.I. Raposa Serra do Sol, do Conselho Indígena de Roraima – CIR

Lazaro Wapichana (Povo Wapichana)

Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB

MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores

MCP – Movimento Camponês Popular

CMP – Central de Movimentos Populares

Levante Popular da Juventude

Consulta Popular

FETAGRI – Federação dos Trabalhadores na Agricultura – PA

CONTAG- Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (PA)

Quilombo do Icatu

Quilombo do Tambai Açu

FEQUIPA- Federação das Comunidades Quilombolas do Estado do Pará

SINTEP- Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras em Educação Pública do Pará TV

MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Rede Juruena Vivo – Mato Grosso

ICV- Instituto Centro e Vida- Mato Grosso

OPAN- Operação Amazônia Nativa

Fórum Teles Pires

CIR -Conselho Indigenista de Roraima

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