Conquista histórica, a agrovila será construída no município de Itatuba, pelo governo do estado da Paraíba, para beneficiar as famílias atingidas pela Barragem Acauã
Publicado 13/06/2022 - Atualizado 15/06/2022
Após 20 anos de lutas, 100 famílias atingidas pela construção da barragem Argemiro de Figueiredo, conhecida como barragem de Acauã, na Paraíba, estão prestes a concretizar um sonho – o de retomar a produção agrícola em suas próprias terras.
As famílias conquistaram a desapropriação de cinco imóveis rurais em 2020, através de uma medida do governo da Paraíba. As áreas, de aproximadamente 330 hectares, serão destinadas à construção da agrovila Águas de Acauã, na zona rural do município de Itatuba, no agreste paraibano, onde fica a barragem. Cerca de 800 famílias ainda aguardam reassentamento.
Ao todo, foram seis anos de negociações entre o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Defensoria Pública da Paraíba (DPE/PB), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Governo da Paraíba até o que o projeto fosse aprovado.
Em dezembro do ano passado, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano (Sedh) iniciou o cadastro dos moradores da Comunidade Costa, localizada no município de Natuba, que serão reassentados no Projeto da Agrovila Águas de Acauã. A comunidade é uma das mais desestruturadas pela construção da barragem.
Entenda: FAMÍLIAS ATINGIDAS PELA BARRAGEM DE ACAUÃ (PB) CONQUISTAM TERRA PARA REASSENTAMENTO APÓS 18 ANOS DE LUTA
O projeto da agrovila foi elaborado com o governo do estado, em dialogo com os atingidos, e é orçado em R$ 15 milhões. Além das moradias das famílias, está prevista a construção de escola, galpão e campo de futebol, a perfuração de poços artesianos e implementação de um sistema de abastecimento de água e energia. Por isso, de acordo com Osvaldo Bernardo, da coordenação do MAB no estado, a criação da agrovila é apenas o inicio da reparação. “Nós vamos continuar a luta para que sejam executadas as ações de infraestrutura, como a criação de poços artesianos, escolas e outras coisas”.
Cada família reassentada terá acesso a 1,5 hectare de terra. Após a assinatura da ordem de serviço, os atingidos iniciaram um plantio coletivo no local. “Plantamos gergelim preto, milho e feijão macassar, conhecido aqui como tripa de porco, e estamos esperando que dê uma chuvada boa para fazer um roçado maior, já que estão fazendo a demarcação dos lotes e a topografia geral”, afirma Osvaldo.
Alcione Bernardo, atingida por Acauã e moradora da comunidade Costa, em Natuba (PB), será uma das beneficiadas pelo reassentamento e destaca a relevância da conquista. “É de grande importância esse reassentamento conquistado através do empenho do MAB durante 20 anos. Enfim foi reconhecido que houve um crime cometido com as pessoas ribeirinhas que moravam em Pedro Velho”, declara.
“Nosso maior tesouro era aquela água, aquela vida que tínhamos, simples, mas uma vida que nos trazia dignidade. Agora temos esperança de ter um pouquinho do que nos foi tirado, ou seja, o direito à água, direito à terra, direito a plantar, colher, enfim, a ter uma vida melhor”, conclui Alcione.