População ocupa distribuidoras em protesto contra o preço abusivo da luz em todo o país

Em atos articulados pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em 17 cidades, moradores queimaram contas de luz e reivindicaram a reversão dos aumentos sucessivos na tarifa de energia, que têm precarizado a situação econômica das famílias de baixa renda em todo o país.

Ato realizado em frente à sede da Enel em São Miguel Paulista. São Paulo (SP)

Nesta segunda-feira, 27, centenas de pessoas realizaram protestos coordenados em uma jornada de lutas contra os altos preços da energia elétrica do país. Os atos aconteceram nas sedes das distribuidoras de energia de cada estado em capitais brasileiras como Belo Horizonte, São Paulo, Porto Velho, Porto Alegre e Belém, entre outras. Durante as ações, os atingidos ergueram faixas com denúncias como “o preço da luz é um roubo, que tira o sustento do povo”. Recentemente, a bandeira de escassez hídrica, criada pelo governo Bolsonaro, elevou a taxa de energia para R$ 14,20 por 100 kWh, acumulando-se aos aumentos impostos pela bandeira vermelha nos últimos meses.

“O preço da luz cobrado das residências brasileiras é um verdadeiro roubo. Os novos aumentos autorizados pelo governo Bolsonaro são abusivos e desnecessários e a luta contra essa situação é legítima, porque o povo não pode pagar a conta do caos criado no setor elétrico”, afirmou Gilberto Cervinski, coordenador nacional do MAB.

“Estamos aqui hoje para reivindicar o direito dos trabalhadores, da população brasileira, que vem sofrendo com a conta de luz que está muito alta, que vem sofrendo com o descaso das distribuidoras na questão da tarifa social. Diversas famílias que teriam direito à tarifa social estão pagando R$ 400, R$ 500, R$ 600 reais na conta de luz”, desabafou Tamires Cruz, que esteve presente em ato realizado em frente à ENEL de São Miguel Paulista, em São Paulo (SP).

Manifestantes em frente à distribuidora de energia em Santa Maria da Vitória (BA)

A Tarifa Social de Energia (TSE) é um direito das famílias de baixa renda do país (que recebem até meio salário-mínimo por pessoa), mas muitas não conseguem acessar o benefício por conta de entraves burocráticos das distribuidoras de energia. A manifestante também questionou o argumento dos porta vozes do setor elétrico, que atribuem os aumentos tarifários à “crise hídrica” pela qual o país estaria passando. “A gente sabe que a conta de luz não é culpa da natureza. O aumento da conta de luz é culpa do capital e dos investidores, que precisam lucrar em cima da miséria da população. Em plena crise econômica, sanitária e social, isso é um absurdo”, acrescentou Tamires, que é moradora do bairro Itaquera.  

O integrante da Coordenação Nacional do MAB, Ubiratã de Souza Dias, explica que o propósito dos atos era justamente expor essa situação de exploração da população, através de sucessivos aumentos que impactam no bolso da população mais vulnerável, que já sofre com a inflação, o aumento do custo de vida e o desemprego durante a pandemia.

“As empresas de energia e o governo federal estão colocando os aumentos na conta de São Pedro, dizendo que o problema é a falta de chuva. Mas nós, aqui do MAB, estamos denunciando que o problema não é só falta de chuva não. O governo federal e as empresas privadas, que tomaram conta do setor elétrico brasileiro, mantiveram intencionalmente o nível dos reservatórios das hidrelétricas baixo para ativar as bandeiras tarifárias mais caras e manter o preço da energia lá em cima. E deixaram a gente, inclusive, com o risco de apagão. Estamos revivendo o que aconteceu no governo FHC, quando ficamos sem luz no início dos anos 2000, por conta de uma gestão irresponsável do setor elétrico”, afirmou o dirigente.

Protesto em Curitiba (PR)

Ubiratã contou que, durante os atos que aconteceram em São Paulo nos bairros São Miguel Paulista Santo Amaro, famílias relataram a dificuldade de quitar contas abusivas e a falta de atendimento da ENEL diante do questionamento de valores abusivos.

Cristiane Silva afirmou que sua última conta veio no valor de R$ 350. “È muito alta. Acho que eles estão roubando muito do povo. E eu estou desempregada”, contou a manifestante.  Outra moradora da capital paulista mostrou uma conta no valor de R$ 4.500,00. “Agora como é que uma mãe solteira, desempregada, que o único recurso que tem é um auxílio emergencial, vai pagar? Eu vivo de doação. O MAB é que nos ajuda como pode”, declarou Palloma Virgílio, moradora do bairro União de Vila Nova.

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