Empresa Norflor é responsável por contaminação de nascente no município de Josenópolis/MG
Geraizeiros denunciam a poluição das nascentes provocadas pela empresa de plantios de eucalipto
Publicado 24/08/2020
Moradores da comunidade Corralim, no município de Josenópolis, norte de Minas Gerais, denunciam contaminação em nascente causada pela Empresa Norflor Empreendimentos Agrícolas. A empresa possui extensos plantios de eucalipto na região de Josenópolis, Padre Carvalho e Grão Mogol, além de uma carvoaria na região.
Para irrigar mudas de eucalipto, molhar estradas e usar na carvoaria, a empresa retira água das nascentes para transportar em caminhões pipas. O óleo diesel que vaza dos caminhões escorre e contamina o solo e a água, que de acordo com os moradores, ficam notáveis as manchas e mudança na coloração da água. Além dos impactos hídricos, o óleo traz prejuízos aos animais e plantas que se encontram ali.
Além da contaminação, a Norflor colocou cercas em torno da nascente para que os animais dos Geraizeiros criados soltos nas chapadas, não bebem a água do riacho. Isso impacta diretamente no modo de vida dos povos tradicionais do cerrado que possui práticas e culturas historicamente enraizadas em suas comunidades, e é prova de que a empresa não respeita a natureza e a cultura dos Geraizeiros.
Segundo José Valdo da Silva, geraizeiro e morador da comunidade Corralim, os moradores também sofrem com escassez de água. “Antes era muita água, havia uma represa muito grande, hoje se encontra só um pouquinho d’água, tinham umas cachoeiras em baixo da represa, aí depois que eles plantaram o eucalipto, acabaram com a água, e o pouco que ainda tem, eles estão poluindo” relatou.
Para Valdeir Viana da Silva, geraizeiro e militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) na região, afirma que foi feita a denúncia na polícia ambiental e na Promotoria de Justiça da comarca de Grão Mogol, sobre a poluição e cercamento das nascentes, mas ainda não tiveram retorno. Os moradores dizem que não procuraram a prefeitura e demais órgãos de Josenópolis, pois estes estão a serviço da empresa e não do povo.
O MAB afirma que poluir nascente ou qualquer outro recurso hídrico é crime contra a vida humana e a natureza e a empresa, em sua atitude irresponsável, coloca em risco a saúde do povo que utiliza a água para suas atividades básicas. A vida deve estar sempre acima do lucro!